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quinta-feira, 31 de março de 2011

SketchChair - um conceito que satisfaz desejos

Tenho discutido com meus alunos em aula temas como personalização de produtos, cada vez mais ativa no portfolio das grandes marcas; o advento das compras on line, que tem conquistado espaço e confiança dos consumidores principalmente pela facilidade de comparação entre características e preços, sem a pressão de vendedores a sua volta; o compartilhamento de informações, perfis, experiências, tão difundido por ferramentas como facebook, twitter, blogs e afins; e os benefícios da produção local tendo em vista a logística de deslocamento de matéria-prima, componentes e produtos acabados. 

Quando me deparei com o site http://www.sketchchair.cc/, acessei por curiosidade e vi ali retratato alguns dos vários conceitos que tenho levado para debate em sala de aula.

A avalanche de informações que as pessoas tem contato via web tem as tornado mais críticas em relação ao consumo e principalmente à qualidade dos produtos e serviços que adquirem. Qualidade neste caso não somente relacionada ao material e à produção, mas qualidade visual, estética. O contato "virtual" com objetos desenvolvidos com apelo estético aguça o desejo das pessoas por produtos diferenciados.

O consumidor tomou gosto pela personalização e pela co-autoria dos objetos que adquire. "Gostaria que fosse menor, maior, mais claro, mais escuro, mais estreito, mais reto" O que esse site oferece é justamente isso, a possibilidade do desenvolvimento individualizado com vias efetivas para fabricação. Outra vantagem percebida é a alteração no modelo de negócio de tradicional. A pessoa não recebe mais em casa um produto pronto e embalado. Ela passa a receber uma "configuração" que pode ou não divulgar publicamente. "Eu fiz". O status de criador a seu alcance.

De posse das informações técnicas, o consumidor identifica um produtor local, com possibilidade de escolher a qualidade do material e do serviço, e contrata a confecção da peça. De qualquer lugar do mundo pode-se adquirir produtos - ou melhor, configurações - e fabricá-los localmente, sem problemas com frete, logística, crises globais, emissões de CO2, enfim....

Um novo conceito para pensarmos. Uma nova forma de comercializar coisas.

Gisele Leiva - Designer de produtos e docente em cursos de design

quarta-feira, 30 de março de 2011

BIC Cristal, 60 anos

(texto adaptado, originalmente publicado no Design Simples)

(texto adaptado, originalmente publicado no Design Simples)

Ano passado a inovadora caneta Bic Cristal, conhecida como um dos maiores ícones do design industrial, completou seis décadas. Através deste post, de espírito crítico, prestarei um tributo que faça jus ao compromisso deste produto com o aperfeiçoamento da realidade que nos cerca. É surpreendente observar como objetos simples e bem resolvidos como este, podem conter sub-partes muito mal resolvidas.

Aqui nosso objeto de discussão será a tampa da caneta. Enquanto encontramos, no seu corpo, uma verdadeira aula de como resolver as funções práticas de um objeto, na sua tampa já percebemos a forte hegemonia do formalismo que se sobrepõe às questões de uso.

Antes, para efeito didático, subdividiremos a tampa da caneta em duas partes: O “corpo principal” de perfil ogival e o “clipe”, aquele prolongamento que ajuda a prender a caneta no bolso da camisa.

Inicialmente, num primeiro olhar sobre sua forma, fica bastante evidente a incoerência que decorre da falta de correspondência entre o perfil circular do corpo da tampa e o perfil hexagonal do corpo da caneta. Se, por suposição, imaginarmos nunca termos visto uma Bic na vida, e nos desafiassem a desenhar o corpo da caneta conhecendo apenas sua tampa, muito dificilmente pensaríamos em algo hexagonal.

Numa observação um pouco mais detalhada, detectamos a presença de uma aerodinâmica sem justificativa para uma tampa de caneta. Trata-se do mais puro “streamlining”, forma de estilismo norte-americano cujo auge ocorreu na década de cinqüenta e que propõe a aplicar linhas aerodinâmicas nos produtos com a finalidade de persuadir os consumidores com mais facilidade. Lançada no ano de 1950, esta caneta possuía originalmente uma tampa cujo corpo principal apresentava uma ponta aguda sem nenhum orifício.

No início dos anos noventa, por motivos de segurança, sua tampa teve que sofrer uma pequena mudança que resultou num enorme ganho para seus usuários: sua ponta foi cortada na parte superior, eliminando assim a ponta aguda e ao mesmo tempo gerando uma abertura para passagem de ar. Com isso as crianças não conseguiriam mais sugar acidentalmente a tampinha da caneta que, como projéteis, feririam o fundo de suas gargantas no momento do dever de casa.

Mesmo desempenhando muito bem a função de clipe, mantendo a caneta pendurada com firmeza no bolso de uma camisa, um redesenho da tampa da Bic seria muito bem vindo. Seis décadas se passaram desde a sua criação e talvez hoje as pessoas usem mais camisetas do que camisas. E as mulheres, que se emanciparam e passaram a ocupar o mercado de trabalho nesse meio tempo? E as crianças, com todos seus requisitos de segurança?

Convido os leitores a pensarem em quais outras funções, mais adequadas aos dias de hoje, a tampa da caneta poderia atender. Qual seria a tampa ideal para a sétima década desta revolucionária caneta?

Bic Cristal, design: Décolletage Plastique Design Team, 1950.

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Rafael Gatti é idealizador do projeto Design Simples.

terça-feira, 29 de março de 2011

Revistas Ulm

(texto adaptado, originalmente publicado no Design Simples)


Recentemente foi disponibilizada para download a versão digitalizada de todas as 21 edições da revista Ulm. Esta foi uma revista interna da Escola de Ulm. Um precioso material, tanto pelo seu conteúdo quanto pelo seu projeto, bastante representativo da filosofia da escola.

Os links para os arquivos PDF podem ser encontrados na página do facebook de Tomás Maldonado (sim, ele está no facebook!), professor e reitor na escola entre 1954-66.

Segue o link: http://www.facebook.com/album.php?aid=229399&id=42695431452

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Imagem: Max Bill e Tomás Maldonado, reitores da escola em épocas diferentes.

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Rafael Gatti é idealizador do projeto Design Simples.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Design thinking: marketing para convencer clientes

(texto originalmente publicado no Design Simples)

Complementando os debates sobre a validade do termo design thinking, resolvi compartilhar com os leitores este trecho de uma matéria publicada na Revista Época Negócios. Aqui fins e meios são tratados sem reservas, vale a leitura:

“A Ideo conseguiu também associar seu nome ao movimento do design thinking com uma bela jogada de marketing. (…) A agência foi fundada por David, irmão mais velho de Kelley. (…) Em 1978, formou com amigos da faculdade uma pequena empresa chamada David Design. Em 1981, a agência desenhou o primeiro mouse com rolamentos para a Apple, mais barato e mais eficaz do que os similares de então. (…) Nos primeiros anos, David trabalhou para clientes como HP e Xerox. Mas logo percebeu que, se quisesse mudar o mundo, deveria expandir sua atuação.

Em 1991, associou-se a Bill Moggridge, que desenhou o primeiro laptop, e Mike Nuttal, especialista em design de gadgets. Surgia a Ideo. O negócio prosperava, mas não na velocidade imaginada por David. Ele já havia desenhado a metodologia que considerava essencial para encontrar novas oportunidades para as empresas. No momento de apresentar uma proposta de trabalho a um cliente, costumava separar as diferentes fases – compreensão dos objetivos, observação, discussão, criação de um modelo – e apresentar orçamentos independentes. Invariavelmente, ouvia dos clientes: “Não perca seu tempo. Comece pela fase três”.

David sabia que era justamente nos procedimentos preliminares que estava a diferença em relação aos concorrentes. Até que em 2003 David teve uma idéia marqueteira. Parou de chamar a Ideo de agência de design e inventou o termo design thinking. Os princípios revolucionários formulados por ele foram mantidos. Mas o novo batismo fez barulho, atraiu publicidade e terminou por convencer os clientes mais reticentes. O conceito, portanto, tem apenas seis anos, mas já foi incorporado por agências em todo o mundo. Nesse mesmo ano, David terminou de formatar o movimento do design thinking ao implantar na Universidade de Standford ad. School, um curso multidisciplinar voltado para qualquer tipo de profissional que forma, simplesmente, pensadores do design.”

Matéria de Ivan Padilla para a Revista Época Negócios, nº34 – 12/2009 – Ed. Globo


A versão completa digitalizada pode ser baixada neste tópico de Thiago Fontes no Design de Serviços BR: http://designdeservicosbrasil.ning.com/forum/topics/entrevista-de-tom-kelley-para


… e um minuto de silêncio para o “”"design thinking”"”. rs

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Imagem: Tom Kelley, da IDEO (foto de Renato Parada para Revista Época).

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Rafael Gatti é idealizador do projeto Design Simples.

Arte solidária – Planeta Sustentável

Não é nova, porem esta materia é interessante e pode abrir oportunidades a designers e grupos artesanais, boa leitura.


Os objetos que ilustram esta reportagem são resultado de uma parceria bem-sucedida entre design e artesanato. Feitas por gente simples e talentosa, as peças ganham refinamento e conquistam consumidores exigentes graças à orientação do designer, que valoriza os saberes do artesão e resgata suas técnicas. Conheça aqui cinco profissionais de São Paulo que fortalecem esse elo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Video do 24º Premio Design do MCB

Vejam o video do 24° Prêmio Design no site do MCB:


24° Prêmio Design MCB from Prêmio Design MCB on Vimeo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Etica sustentável ou sustentabilidade ética?

O aspecto mais difícil para ter uma sociedade mais justa, humanitária é justamente o ser humano. Somos o problemas e a solução ao mesmo tempo.

"Quando se fala em sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, sempre se menciona os já costumeiros e tradicionais aspectos tecnológicos, econômicos, ecológicos, sociais.

Mas esse discurso não toca no ponto chave para uma futura sociedade sustentável, a ética necessária para construir essa sociedade.

A ética pode ser definida como um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade.

Constatamos que até agora os nossos valores morais e princípios guiados por um capitalismo selvagem ou decapitalismo (decapitação) nos levaram a presente crise global financeira e ecológica.

No campo complexo e ambíguo da relação da ética e a sustentabilidade, temos como um exemplo as indústrias do cigarro, álcool (indústrias da morte).

Essa abordagem é necessária, já que a pergunta central é:

Como poderemos construir e depois (con)viver em uma sociedade sustentável no futuro com as industrias da morte?

Uma sociedade sustentável, teoricamente, implica numa sociedade com mais qualidade de vida e respeito a toda forma de vida.

O ponto é que as indústrias da morte vão contra o que representa ou desejamos de uma sociedade sustentável.

De acordo com a World Health Organization, o cigarro mata por ano cinco milhões de pessoas no mundo, uma pessoa cada seis segundos, sendo o maior problema de saúde publica mundial.

O álcool mata 2.5 milhões de pessoas por ano e representa um obstáculo para o desenvolvimento individual e social da sociedade. Além das mortes relacionadas ao álcool como crime e acidentes de carro.

Quais seriam os custos sociais do alcoolismo e do tabagismo, no sistema de saúde do país (hospitais, tratamentos), e no sistema econômico-produtivo?

Há um custo social-econômico derivado dessas cifras, um custo até agora bancado pela sociedade e Estado, e não pelas empresas responsáveis pelo consumo de seus produtos.

São as chamadas “externalizações negativas”: quando a produção e consumo de certo bem, impõem um custo externo à terceiras partes.

Essa terceira parte seria o consumidor, cujo consumo de cigarro e álcool gera um custo externo derivando daí um custo social.

Além das mortes e sofrimentos causados pelas indústrias da morte, há também o consumo de recursos naturais na fabricação do seu produto, os chamados custos externos da produção ou destruição do meio ambiente.

Mas quando a ética das indústrias da morte é o lucro, sem nenhuma preocupação pela vida humana e muito menos pelo meio ambiente, como se administrará essa questão mais adiante?

Mas sejamos justos, as indústrias da morte não obrigam ninguém a consumir, a sociedade como um todo, com a publicidade e a mídia, iludem e enganam o consumidor, levando a um consumo antes mesmo da adolescência no seu circulo social.

Como podemos construir uma sociedade com qualidade de vida, e respeito pela vida, se existe essa contradição profunda do espírito humano com as indústrias da morte e com outros aspectos de sua propia existência?

Estas indústrias, em algum momento, e contra a sua vontade, serão obrigadas, a incluir esse custo no produto, ou serão responsáveis por bancar o custo social gerado pelas externalidades negativas do consumo de seu produto.

Ou então, por favor,deixemos de ser idealistas e ingênuos, e encaremos a vida como ela é e como será, tenhamos uma sociedade sustentável tecnologicamente, logisticamente perfeita e eticamente imperfeita com todos os seus defeitos humanos; afinal uma futura sociedade sustentável nunca será um lugar perfeito, feliz e justo como a sociedade representada no filme Nosso Lar.

terça-feira, 1 de março de 2011

GloboNews: Conceito de ‘Design Thinking’ tenta entender os desejos dos consumidores

Pessoal acabei de ver esse video da Globonews sobre Design Thinking, muito bacana vale a pena dar uma olhada. Exibido em 28/02/11

Empresas mergulham no mundo dos usuários dos seus produtos para que estes tenham mais chances de serem aceitos.


Consumidores, os usuários de produtos, estão na moda. Nesta onda de descoberta, ou redescoberta, da importância que eles têm para uma empresa, surge um conceito que está dando o que pensar: o Design Thinking. É uma estratégia de sobrevivência em um mundo cercado de concorrentes por todos os lados. É entender profundamente o que as pessoas querem, mergulhar no mundo delas e sair dali com um produto com mais chances de ser aceito.

Fonte: Globonews

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