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sábado, 23 de julho de 2011

Design Thinking - Design Social na USP

Curso na EACH pretende desenvolver capacidade criativa a partir de novo modelo de ensino

Lucas Rodrigues / USP Online
lucas.mariano.rodrigues@usp.br

Quando pensam em design, as pessoas geralmente associam a palavra a diferentes práticas: da fabricação de produtos inovadores e da organização do interior de residências à criação de trajes inusitados nas grandes semanas de moda. O que muitos desconhecem, entretanto, é que para todas essas atividades criativas existe um processo lógico de produção envolvido, que requer, na maioria das vezes, o conhecimento profundo do público que determinado produto ou serviço pretende atingir.


Há algum tempo, essa metodologia própria dos designers, chamada de Design Thinking, vem sendo aplicada, também, em outras áreas do conhecimento. É o que propõe o curso de difusão Construindo competências colaborativas interdisciplinares e criatividade na resolução de problemas da sociedade — Uma introdução prática ao Design Thinking.

Alinhado ao modelo de Aprendizagem Baseada em Problemas e Projetos (ABPP), que faz parte do projeto acadêmico da EACH, o curso tem a intenção de enriquecer essa experiência na Escola, e de capacitar profissionais que atuem com a perspectiva de “aprender fazendo”.

Design Thinking na USP

A ideia de trazer essa metodologia para a USP surgiu quando, em 2008, Ulisses Araújo, professor da EACH e coordenador do curso, lecionou como professor convidado na Universidade de Stanford (EUA). O modelo utilizado em Stanford interessou o professor, que decidiu aplicar , também na EACH, essa prática que consiste na busca de problemas e soluções através da aproximação de profissionais de diversas áreas com membros da sociedade.

Composto por professores, alunos da graduação e da pós, assim como membros das comunidades beneficiadas, o público participante do curso será dividido em grupos de trabalhos e terá que elaborar problemas e encontrar soluções criativas para cada um deles. “O que a gente busca é uma articulação com a comunidade”, afirma Araújo.

Durante 12 semanas, os participantes desenvolverão suas ideias a partir de diferentes temas. Entre alguns assuntos já definidos, estão a promoção do desenvolvimento local por meio da área têxtil, a criação de um banco popular utilizando tecnologia da informação, a questão da acessibilidade para pessoas na terceira idade com problemas mentais, além de outros projetos na área da educação.

No final do curso, cada grupo apresentará o seu projeto em uma espécie de feira. Os resultados, porém, não precisam ser necessariamente materiais. “[O grupo] tem que ter elaborado um produto, um processo ou uma política”, explica o professor. Dessa forma, o propósito da experiência é estimular a criação, a elaboração de problemas, e a procura por diferentes metodologias de trabalho.
Outra medida que tem o objetivo de implementar o modelo do Design Thinking na EACH é a criação do Laboratório de Design, Inovação e Criatividade, que será responsável por utilizar esse método para desenvolver projetos focados em mudanças sociais. De acordo com Araújo, a intenção do Laboratório é que “todo projeto tenha um impacto social”.

Origens do método

O Design Thinking como modelo de ensino surgiu, inicialmente, na Universidade de Stanford. Segundo Reinhold Steinbeck, professor visitante de Stanford, que ministrará o curso de difusão na EACH, antes mesmo de ser implementado nas salas de aula, o Design Thinking já era um processo utilizado em muitas empresas. A diferença é que o método não tinha esse nome e não estava necessariamente ligado a uma forte aproximação voltada para o ser humano.

Para Steinbeck, “um dos maiores propósitos das universidades, hoje em dia, é criar a próxima geração de 'inovadores'”. Ele afirma, porém, que as instituições educacionais não estão oferecendo as habilidades e ferramentas necessárias para que os alunos desenvolvam ideias inovadoras para problemas cada vez mais complexos. Dessa forma, no universo acadêmico, esse método se desenvolveu a partir da “necessidade de trazer a competência da criatividade e a confiança de volta ao processo de ensino e aprendizado”, explica Steinbeck.

Apesar de concordar com o fato de que é preciso que mais pesquisas sejam feitas acerca da eficácia do Design Thinking, Steinbeck está convencido de que os alunos são mais engajados e alcançam melhores resultados quando trabalham com projetos do mundo real em áreas que os interessam. Além disso, acredita que o trabalho em grupos heterogêneos possibilita aos estudantes “a oportunidade de serem inovadores, criativos e colaborativos”, características que, para ele, serão muito cobradas no século XXI.

Steinbeck explica que existe, ainda, a possibilidade de que essa metodologia se expanda para outras Escolas e Faculdades da USP, como a Escola Politécnica (Poli). “Prevemos que a USP se tornará um ponto central para o Design Thinking no Brasil e na América Latina”, completa o professor.


Extraido de: DECE


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