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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Consumismo, obsolescência, design e o mito da sustentabilidade.

Algumas estatísticas estipulam que se todas as pessoas do mundo consumissem como a classe média dos países desenvolvidos, precisaríamos de, se não me falha a memória, mais dez planetas Terra para prover os recursos e mais cinco só para jogar o lixo.

Se o ideal atual de uma sociedade global igualitária é que todos, sem exceção, possam ter um estilo de vida confortável mediano, que seria equiparável ao vivido pela classe média de tais países desenvolvidos, tal feito já seria impossível, como disse no parágrafo acima. Logo, para que o padrão contemporâneo de qualidade de vida exista para poucos, tem que existir pobreza e miséria para muitos, pois é impossível que todos gozem deste privilégio.

Como então seria possível que todos que vivem neste planeta tenham uma boa qualidade de vida, que seja pelo menos próxima do ideal de sustentabilidade e igualidade social? Ao meu ver existem, resumidamente, duas maneiras conectadas diretamente ao design:

Reduzir dramática e radicalmente o consumismo e criar bens de consumo que visem genuinamente a qualidade e durabilidade.

Qual é o papel do designer nisso tudo? Bom, o design é parte fundamental nas fundações do consumismo, estando envolvido em todos os processos da longa cadeia de desenvolvimento de qualquer bem de consumo, desde o projeto inicial, o planejamento, o branding até o marketing publicitário.

Fundamentalmente, o design é a peça principal deste processo; É ele que desperta o desejo desenfreado de consumo nas pessoas, juntamente com a manipulação propagandista que, ao longo dos anos, vem condicionando as pessoas a pensar que a posse de coisas é a chave da felicidade.

Enquanto isso, estamos sempre ouvindo falar da tal sustentabilidade. "Isso ou aquilo é sustentável", "A sustentabilidade tem que vir em primeiro lugar", dizem os professores de design pelo mundo afora. Não sei se dizem isso por ignorância, cegueira ou para tentar vender seu peixe; Só sei que, com absoluta certeza, estão totalmente equivocados.

A tal sustentabilidade não existe. É totalmente utópico pensar-se o contrário dentro do contexto da sociedade contemporânea. Nossa própria existência, dentro do atual quadro social e populacional, é insustentável; Nossos próprios inevitáveis dejetos fisiológicos estão afogando a sociedade em esgoto, basta observar o estado deplorável do Rio Tietê, em São Paulo, ou o Rio das Velhas, em Minas Gerais.

Em todo caso, em primeiro lugar, como designers, devemos nos questionar o quanto é sustentável, por exemplo, criar mais uma cadeira ou mesa, e despejar esse produto num oceano de similares entre os quais, de maneira geral, não existe grande diferenciação ergonômica ou funcional. Uma cadeira de um Philippe Starck da vida, usando critérios de análise objetivos, é realmente melhor de se sentar do que uma cadeira comum de plástico, que já atente a todos os critérios ergonômicos? Por incrível que pareça, muitas vezes é até pior. Quem aqui já não sofreu tentando permanecer sentado por mais de cinco minutos em uma cadeira "assinada" caríssima? 

Então, essencialmente, quando o designer deságua mais um produto no mercado, que se diferencia dos demais somente por algum fator estético, que por mais que seja importante psicologicamente, não trás nenhum benefício ou inovação tangível ao ser humano, está criando lixo. É isso mesmo; O design, como é abordado atualmente, cria lixo. Não se iludam pensando que seu novo produto está trazendo benefícios à sociedade pois, na grande maioria dos casos, está fazendo justamente o contrário.

A obsolescência programada é uma das principais  peças deste problema; É a filosofia mercadológica da qual o designer raramente consegue escapar, pelo menos se quiser ganhar dinheiro o suficiente para levar uma vida confortável.

Existem dois tipos de obsolescência programada; O primeiro é aquele em que os produtos são projetados para estragar fisicamente depois de um tempo pré-determinado de uso, obrigando o usuário a comprar um similar novamente. Alguns equipamentos eletrônicos, como impressoras, possuem chips internos programados para queimar depois de um determinado número de impressões, inutilizando o aparelho por completo.

O segundo é aquele em que o usuário, mesmo tendo um produto perfeitamente funcional em mãos, através da manipulação social e propaganda, sente-se socialmente inferior por não ter o modelo atual do mesmo, levando-o a descartar um produto em perfeito estado de funcionamento para obter um modelo atualizado, que muitas vezes oferece apenas alguns incrementos de design a mais em relação ao seu predecessor e nenhum incremento adicional significante em termos de função. Um grande exemplo são os produtos "i" da famosa Apple. A pessoa tem um iPhone X perfeitamente funcional, mas sente um desejo incontrolável de comprar um iPhone 2X no momento do seu lançamento, mesmo que ele não apresente  modificações positivas reais; Arredonda-se uma quina aqui, muda-se o tamanho da tela em alguns milímetros ali e pronto, está lançado o "novo" iPhone totalmente "inovador" e absurdamente tentador.

Não tem como negar que existe alguma coisa muito errada nisso tudo, certo? O documentário "The Light Bulb Conspiracy" mostra como tudo começou.

Logo quando a lâmpada incandescente foi inventada e começou a ser comercializada em massa, cada uma durava cerca de 100.000 horas. No entanto, por ser um produto tão bom e duradouro, não estava gerando lucratividade para a indústria, então, todos os fabricantes do mundo se reuniram e, depois de muito esforço e estudos, determinaram que todas as lâmpadas comercializadas não poderiam durar mais do que 1.000 horas. De fato, uma destas primeiras lâmpadas está funcionando 24 horas por dia desde que foi inventada, em algum museu o qual não me lembro o nome, sem apresentar nenhum problema. 

Imaginem o prejuízo que tal tratado, consagrado entre quatro paredes, trouxe ao mundo, em termos de desperdício de recursos, durante todo este período; Simplesmente não é quantificável.

Outro caso clássico é o da meia-calça feminina que, logo quando foi inventada, era tão resistente que propagandas eram feitas com elas sendo usadas para rebocar caminhões, sem desfiar um fio. Como a lâmpada, os engenheiros foram ordenados a encontrar uma maneira de torná-las mais frágeis, em prol da lucratividade da indústria.

Meu ponto é: Onde está a ética nisso tudo? Qual a razão pela qual, ao invés de criar o melhor produto possível e buscar a lucratividade usando a criatividade para criar um sucessor ainda melhor, rebaixar um excelente produto à mediocridade para posteriormente criar produtos um pouco menos medíocres?

Imaginem como a tecnologia de iluminação estaria hoje, se ao invés de deliberadamente terem piorado as primeiras lâmpadas, estivessem trabalhado duro para torná-las ainda melhores?

E como o design, e o designer, participam nisso tudo? Fato é que os designers de hoje em dia, já ficam extremamente felizes por ter um de seus produtos introduzido no mercado, e não ligam a mínima sobre como tal produto foi produzido e como ele está contribuindo para a evolução da sociedade e a construção de um mercado um pouco mais saudável. Se uma empresa internacional resolve produzir, por exemplo, uma de suas luminárias na China, usando trabalho escravo dentro de uma fábrica com zero controle de emissão de poluentes, você faria alguma oposição?

E se fosse convidado a trabalhar no setor de design da Apple? Você aceitaria o emprego, mesmo sabendo que eles poderiam criar um super aparelho de celular que demoraria anos para ser objetivamente superado, mas preferem criar novos aparelhos com incrementações placebo, em prol da ganância financeira?

E se fosse convidado a trabalhar no setor de design da Epson ou Canon, desenvolvendo belíssimos produtos que são criminosamente programados para estragar, forçando o consumidor a comprar um produto novo periodicamente? Você aceitaria ou faria alguma objeção?

E como consumidor? Quando você comprou seu iPad, você se preocupou com o fato de que as condições de trabalho da fábrica que o produz são tão precárias e abusivas, que instalaram redes de proteção contra suicídio no campus da empresa, como forma paliativa de frear o grande número de funcionários que preferem se matar do que suportar mais um dia vivendo naquelas condições, tudo isso pra você ficar passando seus dedinhos naquela tela o dia inteiro?

É meus amigos, a coisa está feia para o nosso lado; O cerco está se fechando e está se tornando cada vez mais difícil usar a criatividade para deixar nossa marquinha positiva aqui neste planeta.

Se houvesse uma espécie de juramento Hipocrático para os formandos em design, como existe nos cursos de medicina, provavelmente todos nós já o haveríamos quebrado.

Resumindo; Já passou da hora do ensino de design e dos próprios designers repensarem o nosso papel na sociedade, começando a agir de acordo.

Modelo de sustentabilidade mesmo, só existiu nas sociedades indígenas; Na nossa, sustentabilidade não passa de um mecanismo de propaganda ilusório e utópico, que continuará sendo assim enquanto não criarmos uma resolução ética definitiva para a nossa função, para pelo menos tentar nos aproximar do ideal.

Temos que descartar o ridículo senso de "glamour" que permeia nosso ciclo de personalidades excêntricas vestidas como pop-stars, e começar a ser realistas. Design é uma profissão como qualquer outra, cuja a justificativa covarde de que "estou só fazendo o meu trabalho" pode até enganar os bobos, mas não passa de uma desculpa chula para tentar diminuir a significância de que estamos usando nossa criatividade para alimentar uma indústria ultrapassada, irracional e destrutiva.

Pense nisso tudo quando for criar seu próximo produto. Se, por ventura, constatar que o mesmo não trará nenhum benefício à sociedade, tratando-se de somente mais um belíssimo pedaço de lixo, talvez seja melhor deixá-lo no mundo intangível da imaginação, para amadurecer mais um pouco.

E por favor; Não me venham com esse blablabla de sustentabilidade.




16 comentários:

  1. Não só penso assim, como provo isso:
    1 - Meu scanner funciona perfeitamente. Supre minhas necessidades, pois não faço design gráfico. Um Scanner muito mais moderno, custa muito barato. Meu scanner tem 12 anos. Nem driver tem mais. Para utilizá-lo, tenho que fazer uma gambiarra com uma máquina virtual para instalar um Windows XP. Mas, por que vou jogá-lo fora se ele me atende perfeitamente bem?
    2 - Todos os meus produtos são provenientes, na sua grande maioria (não tudo, porque aí eu seria muito hipócrita) de florestas remanejadas, de empresas que tem respeito ao meio ambiente (no minimo porque o Ibama e o Meio Ambiente estão marcando direto).
    3 - Todos os produtos que crio para a indústria e para o varejo, tem características recicláveis. Odeio descarte.
    4 - Sou do tipo que acho que nem semente de fruta deveria ir pra lixeira, mas jogada em terrenos baldios para reflorestar com alimentos o mundo.
    ..e nem por isso preciso ser ecochato.

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  2. Lembro bem de uma aula que tive durante a graduação, com uma série de entrevistas sobre os irmãos Campana. E lembro de ter ficado horrorizada com os argumentos deles de estarem ajudando a comunidade, fazendo a mesma cadeira de 3024 modos diferentes, com bonequinhas feitas a mão lá da p.q.p. o que ainda encarecia horrores o produto, e vir com essa de sustentabilidade... Faça-me o favor... é uma cadeira de bonequinhas!

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  3. Na minha opinião acho um pouco contraditório o designer classificar seus produtos como sustentáveis, eco, etc, sendo que é uma profissão que surgiu na época da industrialização, tendo seu principal papel desenhar produtos para consumo,eu não acredito em nenhuma empresa no mundo que diga que seu principal objetivo não seja vender mais e mais produtos, e nenhuma empresa do mundo ficaria feliz com um designer que desenvolvesse um produto que vende pouco, não quero ser politicamente incorreto, mas um designer escolher essa profissão e ser contra o consumismo não é hipocrisia total?!? é com o Morgan falou qualquer coisa que se crie já existe, então pra que criar? Porque ser designer? se já existem cadeiras, mesas, tudo. Sei da importância de cuidar do mundo, não poluir, não desmatar, mas acho que design e sustentabilidade é uma relação de amor e ódio.

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    1. Interessante, amigo Arthur.

      Estou totalmente ciente que isso é hipocrisia. Porém, existem três tipo de hipócritas; Os que estão cientes da sua hipocrisia e pretendem melhorar, os que sabem que são hipócritas mas não estão nem aí, e os que são hipócritas mas não estão cientes disso. Eu me considero o do primeiro tipo.

      Quanto a ser a favor ou contra o consumismo, acho que isso está bem resolvido. Se a pessoa é individualista e imediatista, pouco se lixando para as futuras gerações e pela construção de uma sociedade mais igualitária, que seja então a favor do consumismo.

      No entanto, para qualquer um que tenha um pouco de consciência, torna-se impossível ser a favor do mesmo. Simplesmente não existe justificativa racional que suporte o consumismo.

      Quanto ao lucro das empresas, aí é que está a questão. Voltando ao caso da lâmpada, para exemplificar. Já que tinham um excelente produto em mãos, porque não buscar gerar lucro e fluxo de capital se esforçando ao máximo para criar um produto ainda melhor? Se tinham uma lâmpada que durava 100.000 horas, poderiam ter trabalhado para que ela durasse 150.000 horas, ou para melhorar a capacidade e qualidade de iluminação, ou para melhorar a economia de energia; Enfim, tudo pode ser aprimorado, basta querer.

      Imagina se, desde a revolução industrial, tivessem seguido este preceito? Estaríamos anos luz em matéria de tecnologia hoje. Imagina o tanto que esse princípio fomentaria o avanço tecnológico! Não dá nem para imaginar onde estaríamos hoje...Talvez estaríamos colonizando outros planetas por aí.

      Agora te pergunto; Porque diabos eles resolveram pegar um produto excelente e investir energia intelectual e criativa para torná-lo pior? Alguém me explica a lógica deste raciocínio, porque eu não consigo entender por mais que eu tente. O pior é que, a partir daí, toda a indústria seguiu o exemplo e deu no que deu. Vivemos numa sociedade descartável onde as pessoas acham que irão encontrar a felicidade comprando coisas, movimentando um consumismo sem fim e buscando um ideal impossível, igual um hamster correndo em esteira.

      Um abração,

      Morgan.

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    2. Eu entendo o exemplo e nas classificações, me coloco no primeiro tambem, mas talvez um pouco mais abaixo de você, rs eu entendo que o consumismo em si só traz maleficios ao nosso planeta, mas eu não levanto essa bandeira tão radicalmente, eu gosto de comprar um produto, as vezes por ter um design muito legal, mas se eu fosse radical, talvez poderia evitar de comprá-lo. por isso acho que to um pouco mais abaixo rsrsrs

      Eu concordo plenamente com você com relação a lampada e diversos outros produtos que são projetados para não durar, e não vejo nem como hipocrisia, acho que é um crime isso, mas o quão o designer tem responsabilidade nisso, lógico, saber e não falar nada é a mesma coisa que ser cumplice, mas de uma certa forma não são outros campos, outros profissionais que teriam a responsabilidade de manter a qualidade do produto? Porque pra um produto estragar propositalmente, vejo que é uma competencia de um engenheiro, eu não consigo imaginar um designer chegar e e falar "olha desenhei esse produto pra não durar", acho que pelo contrário, o designer por si só é dotado de tanto ego que se o produto pudesse durar pra sempre nas casas das pessoas para ele chegar e falar "olha fui eu que desenhei" duraria.

      Acho que os designers são mais culpados nessa parte pela conivência, por compactuar, por saber que as coisas estão erradas e não fazer nada, mas ser bem sincero, a pergunta seria o quanto um designer consegue influenciar no desenvolvimento de produto?

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    3. Pow conversa tá ficando boa!

      Eu me classifico na primeira situação tambem, sempre pensando em melhorar, mas confesso que não sou como essa galera que levanta a bandeira eco, que tudo tem que ser sustentavel toda hora, eu sou um pouco desencanado, sei de todos os problemas do mundo, mas por falta de tempo mesmo, não encano muito com as coisas.

      Concordo plenamente com o Morgan, você ter um produto ótimo e baixar seu tempo de vida por questões comerciais é inaceitável.

      E entendo tambem os argumentos do Arthur, e de certa forma concordo tambem, como designer sei que toda empresa é diferente e até onde o designer pode influenciar ou mudar as coisas varia de empresa em empresa, assim como nosso amigo Pacard, quando desenho algo para um empresa procuro perguntar a procedencia dos materiais, conhecer a fábrica, nunca desenharia algo pra alguem se soubesse que a madeira vem direto de desmatamentos ou se visse um monte de escravos trabalhando na fábrica, mas confesso que se a empresa mentir pra mim, eu não vou saber, você faz o móvel com as melhores intenções, os melhores materias, os melhores processos, o que muitas vezes (pra não dizer sempre) é que muitos outros setores influem no desenvolvimento do produto, sempre vai ter a Produção falando que com outro material sai mais barato, Engenharia vai falar que se fizer de outro jeito melhora na produção, no final o produto que era de um jeito acaba sofrendo algumas mudanças, e eu acho natural, porque o desenvolvimento de produto envolve diversas disciplinas, e cada uma tem que ser responsabilizada por suas competências, e nem sempre a culpa do insucesso é do designer.

      Imagine, um dia a HP te convida para desenhar um impressora, você não vai desenhar o mecanismo da máquina, a menos que tenha conhecimentos de engenharia mecanica, mas você vai pegar o mecanismo, ver os limites da onde pode ir onde não e vai fazer o design da "mardita". Daí o produto vai pra loja e começam a te xingar porque a impressora dá pau, trava, não imprime quando você mais precisa, faz sentido o designer levar os créditos disso?

      Nisso eu concordo com o Arthur, a impressora quebrar propositalmente, não vejo que seja algo que o designer pensou e fez, ou será que foi?

      Eu adoraria desenhar uma impressora, não por nada que falamos, não pra ganhar dinheiro, mas pelo desafio interlectual, eu gosto de desenhar, se uma empresa virasse e perguntasse "você gostaria de desenhar uma escova de privada?" pow ficaria amarradão, mas pela brincadeira de desenhar, criar e imaginar.

      Eu não gosto muito dessa coisa do "sustentavel" porque ficou tudo muito chato, paresse que se você não pensa eco, vai sofrer bulling dos "sustentaveopatas" kkkkk

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  4. Olá Daniel,

    Este assédio dos que seguem, ou pensam que seguem, ou fingem que seguem, é realmente insuportável; Não por causa do assédio em si, mas por causa do falso moralismo.

    Beleza, o cara pode se gabar em usar madeira de reflorestamento, ou certificada, mas isso na verdade não significa nada. O que acontece muito no Brasil é, ao invés de reflorestar apropriadamente, tentando replicar ao máximo a mata original nativa, planta-se uma cultura homogenia, como Pinus ou Eucalipto, e chama-se isso de reflorestamento. Mal mal fazem os chamados corredores verdes para deixar a fauna local circular.

    Então, a maior parte dos materiais rotulados como "eco", na verdade não são; Ali existia uma gama imensa de espécies de plantas e animais que não existe mais. Pronto e acabou.

    Os critérios e selos de sustentabilidade no Brasil são pra Inglês ver.

    Voltando ao assunto original; Qual é a culpa e responsabilidade dos designer nisso tudo? Bom, agora, brevemente, consigo pensar em algumas coisas:

    a) O designer é formador de opinião; Até suas escolhas pessoais de consumo influenciam muita gente. Se expormos nossas opiniões publicamente, muita gente irá ouvir.

    b) Modismo, que é a parte da obsolescência programada que torna as coisas obsoletas através da manipulação de tendências comportamentais. O designer é que move a moda. E se lançarmos a tendência que agora a moda, por exemplo, é ficar com o mesmo celular até ele parar de funcionar? Ou com o mesmo tênis até ele esfarelar? As empresas serão obrigadas a responder de acordo.

    c)Complacência. Quem cala consente. Tem muito designer feliz da vida projetando para a Nike, Apple e outras corporações, e não ligam a mínima se seus produtos estão sendo produzidos por escravos, crianças ou em condições desumanas de trabalho.

    Voltando ao caso do iPhone; Porque o Jonathan Ive, permite que os componentes do aparelho sejam todos colados e fundidos, impedindo até mesmo a manutenção dos mesmos? Porque não introduzir um simples slot de cartão de memória para produzir apenas um modelo de aparelho e permitir o upgrade?

    Indo mais longe ainda; Porque ele não produz uma base modular que permita que o upgrade dos componentes seja feito assim que novas tecnologias surjam?

    Ao invés disso, ele, que é designer, escolhe lançar aparelhos maquiados todo ano, fazendo-os passar por "inovadores". Já que ele é abertamente fan do Dieter Rams, porque ele não segue seus princípios de bom design?

    Observação: Aqui no Brasil o designer não tem muita influência nas decisões de engenharia e produção, mas nos EUA e EU eles têm muita. Muitas equipes de projeto são chefiadas por designers, e não engenheiros; Além disso, no ambiente corporativo, a mentalidade de "design engineering" é praticamente um pré-requisito.

    Sei que tudo isso que estou falando requer nada menos do que uma revolução social, mas é disso que precisamos se quisermos sobreviver neste planeta a longo prazo. Lebre-se do preceito que citei no artigo, necessário para atingir uma meta pelo menos próxima da sustentabilidade:

    -Reduzir dramática e radicalmente o consumismo e criar bens de consumo que visem genuinamente a qualidade e durabilidade.

    Se quisermos garantir uma condição de vida saudável para as futuras gerações, toda a sociedade terá que ser reinventada a partir destes princípios. Simplesmente não temos escolha.

    Nós, como designers, somos uma peça chave nesta equação.

    Um abraço,

    Rafa.

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  5. Antes de mais nada, bacana o texto e a discussão, mas a impressão que tenho é que "carece fontes" se é que me entende.
    Não sou ingênuo para achar que obsolescência programada nao existe, mas também não da para ignorar os problemas do mundo real, e ele nao é tão simples assim. Um exemplo que me veio em mente falando de lâmpadas e exemplificando o ponto que quero ilustrar é um caso recente onde tentei trocar as lâmpadas 40w da empresa por LEDs de 19w. Me pareceu um excelente negocio reduzir o consumo pela metade economizando e ajudando o planeta certo? Ate vc olhar para o orçamento de R$130/lâmpada contra R$2,50 da comum de 40w. Sem falar na mão de obra e outros custos que levariam muitos anos para serem amortizados. Enfim sem entrar em muitos detalhes o ponto que quero chegar é que soluções existem porém a questão é até quanto as pessoas estão dispostas a pagar por elas? Imagino que na sua casa nao tenha energia solar, eólica, reaproveitamento de agua de chuva, etc. Não porque nao existe mas porque vc nao tem ou nao quer gastar a quantidade necessária com isso, e a industria por sua vez vai precisar te oferecer uma solução compatível com seu bolso, no caso uma lâmpada que nao dura cem anos mas custa cem vezes menos. Entende o ponto?
    Agora entrando no mérito dos iPhones eu particularmente já tive 4, e nenhum deles fois descartado, todos foram revendidos para amigos que nao estão dispostos a pagar o preço de um novo (talvez porque eles nao tenham feito a conta que eu fiz que me mostrou que meus iphones custam R$40/mes de uso eu trocando ou nao de aparelho). Ou seja, não da para esquecer que existem outras 7 bilhões de pessoas por ai que possam se interessar pelo seu usado assim como eu ja comprei meu carro usado e muitas outras coisas.
    Ainda no caso do iPhone eu imagino que eles devem ter sim tecnologias melhores a serem lançadas, mas quanto elas iriam custar? Iriam pagar por isso? Qual a dificuldade de produzir elas em grande escala? Existe mão de obra qualificada e suficiente para isso?
    Falando em mão de obra, e só voltando a salientar que não sou ingênuo de achar que nao existam abusos, a Foxconn tem pelo que me lembro mais de 200mil funcionários, nao me surpreende tanto algum deles quererem se matar. Vira e mexe alguém pula do Copan. Todos tem problemas e acredito que eles nao trabalhem sobre a mira de uma arma. Mas enfim, também nao estou na pele do chinês para saber o que ele passa e porque aceita passar por isso. É claro que no mundo utópico todos teriam empregos dos sonhos mas imagino que se tanta gente no mundo se submete a um emprego desses deve ser porque ele no mínimo é melhor que a opção anterior dele. E fica um pouco difícil fiscalizar os reais motivos daqui do outro lado do mundo sem saber da realidade de vida deles e com notícias que chegam através de mídia que geralmente adora repassar esses casos para ter mais ibope/views/likes.
    Enfim, segue o jogo, já falei muito agora vou esperar para ler mais um pouco hehe
    Abs
    Peu

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    1. Boa Peu,

      Eu entendo seu ponto de vista, muitas vezes me deparei com ideias muito legais, que trariam benefícios ao planeta, mas que para levá-las para frente custariam muito caro, vejo muito isso com materiais recicláveis, você fala "nossa que legal um material feito de tal coisa reciclada, nossa mas custa o triplo do preço!".

      Acho que o que o Morgan defende, é que talvez custe mas caro, mas deveria custar? E se é mais caro, mas ajudaria a não destruirmos o planeta, não seria certo só produzir a melhor? Se nós valorizássemos boas ideias ao invés do mais barato, usando seu exemplo se todos só comprassem a lampada melhor, mesmo que mais cara, o produtor continuaria fazendo a mais barata? e com todos os concorrentes produzindo também, será que o preço não cairia? lógico, utopia total, mas será que não seria diferente?

      E será que as coisas deviam custar tudo isso? o disquete, CD, DVD, todos quando foram lançados as pessoas iam até o Paraguai pra comprar mais barato, hoje custa dinheiro de pinga, quando lançados não podiam custar o que custam hoje?

      Na verdade acho que entramos numa questão chave de todos os problemas do mundo, existe sempre alguém querendo ganhar mais com uma ideia, diversas invenções devem ter nascido com as melhores intenções, dizem que Santos Dummond se matou depois que viu que sua invenção ser usada pra guerras e matanças, e o que ele sonhava era simplesmente voar.

      Eu ainda não sou da família "i", não por ter nada contra, mas eu me lembro de uma história de fazer um produto que todos no mundo poderiam ter, um produto com tecnologia e barato... Não existia uma ideia assim?

      Os produtos em geral, não são produzidos para um bem maior, até os materiais novos, reciclados, se o sustentável não tivesse um apelo comercial, não teríamos ninguém falando de madeira de reflorestamento, mas eu acho um mau necessário, as pessoas não vão parar de comprar móveis, e mesmo hipocrisia de usar o termo "sustentável" melhor do que não fazer nada, da mesma forma que é bom que exista o LED, assim como o CD e cia, um dia vai ser mais barato, infelizmente a evolução humana caminha junto do "quanto vou ganhar com isso?". E não adianta bater na tecla do "você vai salvar o mundo", acho que nós designers desenharmos uma luminária com LED que ilumina mais e gasta menos, e convencer muitos que é o melhor caminho, é a melhor forma "hipócrita" de ajudar o mundo (se mais compram LED, a indústria pensa que é melhor).

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  6. Interessante assunto e os diversos pontos de vista de todos. Penso que cada um tem alguma razão no que está falando, mas penso tbém que este é um caminho sem volta: O consumismo é uma doença que já não tem cura neste mundo cada vez mais sem ética e sem consciência alguma do valor real das coisas ou do que realmente tem valor (o até do que significa valor).

    O que percebo é que quanto mais nova a geração, mais considera velho o que a geração anterior consideraria "semi-novo", mais superficial no conhecimento, no uso, na consciência ambiental ou qquer que seja, mais vomita discursos bonitinhos e menos realiza o que fala.

    As pessoas se escandalizam quando digo que não tenho carro por opção, que não tenho nenhum i qualquer coisa, que só tive celular quando fui obrigada pelo trabalho (e só troco quando pifa e mesmo assim por outro descartado por um amigo ou familiar - dá pra escolher!), tenho a mesma impressora já faz uns 6 ou 7 anos, tenho laptop pq meu irmão me deu o dele "antigo", não compro roupa barata demais pq sei que alguém está pagando por isso, mas tbém não compro roupa "de marca" pq acho idiota pagar muito principalmente por causa de uma etiqueta que sempre arranco pq me irrita o pescoço..

    Enfim, sou uma "ultrapassada", "maluca", "pobrezinha", "que não acompanha a evoluçao", "que está velha demais", etc. Isso dito por todo este pessoal de discurso "sustentável" mas que não vai até a esquina a pé,troca de carro, celular, i-isso, i-aquilo, televisão, geladeira, etc sempre que o vizinho compra um mais novo ou a propaganda fala que ele não tem valor pq não tem xyz última geração e que, afinal, troca de "valores" sempre que é mais "interessante" ou surge uma nova moda. (Estou generalizando, sei que existem exceções, mas são isso: exceções).

    Por ver como a maioria absoluta das pessoas me vê pq fiz e faço todo dia escolhas que considero mais sadias que as delas, não tenho mais esperança: esta causa,infelizmente, é perdida. E a maioria que "luta" por ela, luta até o ponto em que isso não atrapalhe o seu conforto, o seu bolso, o seu...Por isso tbém não acredito em designer (ou qquer profissional ou empresa) criando produtos com vida longa - e longa agora, dependendo do produto, é mais que 1 ano - por mais que queira, ele não sobrevive. Nem o público quer produto que dure muito! É louco, mas é isso.
    abs
    Rosana

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  8. Uma notícia relacionada ao tema da discussão; Espanhol é ameaçado de morte por criar lâmpada que não queima (copie e cole o link):

    http://www.sobral24horas.com/2013/05/espanhol-e-ameacado-de-morte-por-criar.html

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  9. Fala Galera,

    Muito legal a discussão e o rumo das conversas.
    Primeiro de tudo gostaria de deixar claro que penso que tudo que é exagerado, por melhor que seja a intenção, estraga. Parto desse princípio, pois acredito que aí está a questão central de toda a discussão colocada.
    Vamos tentar fazer uma análise da questão da lâmpada, concordo plenamente que poderia ter somente evoluído a tecnologia para criar lâmpadas melhores, como comentado pelo Morgan, que durassem 150.000 hs, ou iluminassem melhor, isso seria maravilhoso para a tecnologia... e é aí que quero chegar, vamos refletir o seguinte, Qts estão envolvidos diretamente nos trabalhos tecnológicos ao redor dessa economia em questão? qual impacto teria nos trabalhadores da base da pirâmide na industria das lâmpadas? Não estou defendendo o fator obsolescência programada, nem por questões tecnológicas nem tão pouco por modismo, apenas precisamos tentar enxergar de uma forma holística todos os pontos. Se simplesmente fossem no caminho de criar lâmpadas que durassem 150.000 hs, como fazer alguém que já tem algo que funciona comprar outra? Descarta a antiga? Estariam motivando o mesmo que as propagandas motivam hj em dia. Até mesmo para a manutenção da indústria e da organização social que se formou em torno dela, houve aí sim uma boa intensão. O problema é que parou aí a boa intensão, e a partir disso muitos enxergaram a "oportunidade" de ganhar mais, e é aí que gostaria de focar minha opinião, na cultura do mais, tudo no mundo é baseado no mais, sempre deixamos de lado o suficiente ou o melhor em troca do mais. Como se mede sucesso hj em dia? Quando se ganha mais, ou se vc trabalha na maior empresa do ramo, ou se vc é dono do maior empreendimento de determinado segmento e por aí vai, se for fragmentando tudo quanto é comportamento veremos uma forte relação a cultura do mais. Esse é um ponto que precisamos refletir, a possível troca do mais pelo suficiente ou o melhor, acho que assim temos algo importante a se refletir, pois quando falamos em "mais" podemos quantificar isso em números, mas quando falamos em "melhor" e "suficiente" não mais quantificamos e sim qualificamos os atributos e isso varia de pessoa pra pessoa, cada qual com sua particularidade, o que exige de todos um profundo repeito ao próximo.
    O outro ponto que gostaria de abordar é que acredito que pro designer influenciar nesse processo é um pouco mais complexo do que somente definir se vai trabalhar com esse ou aquele cliente e/ou empresa, concordo com o Daniel e com o Peu quando ambos colocam que não tem como ter controle sobre toda a operação. Porém, acredito que tem algumas atitudes que podem ser tomadas sim por quem atua no princípio do processo de criação e desenvolvimento, por exemplo, o que faz o Pacard manter seu scanner com muitos anos de uso e não querer trocar? Talvez sua consciência do uso de um produto, talvez não gastar dinheiro ou outros fatores mais, porém tem algo, que nós designer, temos influência no momento do desenvolvimento do produto e que também faz ele não querer trocar seu scanner, o fato do produto atender a necessidade que o mesmo se propõe a atender. O princípio básico do produto existir, atender a uma necessidade humana, e nisso muitos designers deixam de pensar no momento que estão sendo pressionados por todos os lados dos envolvidos em uma cadeia produtiva e assim esquecem de agregar o principal valor de um produto, cumprir sua função. Aproveitando que Dieter Hams foi citado vou lembrar um de seus princípios...

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  10. [cont]... "Bom Design é honesto", cumpre o que promete. Também pode ser observado o comportamento humano e pra qual direção as questões sociais se encaminham para, a partir daí, criar produtos que envolvam as pessoas e passem a serem encarados com um pouco mais de sentimentos pelas pessoas, acredito que isso ajuda bastante a reduzir as constantes trocas e também podemos e devemos pensar cada vez mais no conceito "cradle to cradle" quando desenvolvermos produtos, dentre os conceitos eco-chatos, acredito que esse seja o mais efetivo do ponto de vista de resultado real.
    Por último gostaria de comentar também sobre o fator "Designer PopStar", gostei muito da frase usada no texto principal "...design é uma profissão como outra qualquer...", é exatamente assim que penso e procuro colocar aos quatro cantos, já tive discussões com diretor de empresa que insistia em rotular o designer como "geniosinho" e eu dizia um "profissional como qualquer outro na empresa". E realmente eu penso assim, nossa profissão precisa de pessoas que a encarem como processo, dessa forma pode solidificar cada vez mais a Cultura do Design nos outros profissionais, e o que mais me incomoda, é ver Designers não se preocupar com isso e curtir quando são "elevados ao posto de Geniosinho", às vezes coloco até em questão comigo mesmo o quão benéfico é Designer trabalhar por Royalties (por favor, quem usa dessa prática não se ofendam, também uso, só acho importante refletirmos), tendo em vista que o sucesso de um projeto envolve "N" fatores e trabalho de muitos profissionais, desde o princípio até o final da cadeia produtiva, por que raios somente o Designer tem que ser "premiado" dessa forma? será que tem tanto mérito no resultado final assim? Se tiver, terá também toda responsabilidade pelos problemas gerados pelo produto. Acho até que isso, de alguma forma, impacta na questão da "Cultura do Design" no país, uma vez que atuando nesse conceito as principais preocupações tem que ser 1 - O produto tem que vender bem, senão não ganho bem e 2 - tem que atrelar o nome ao produto para poder abrir novas portas... bom como disse anteriormente é só um questionamento, o que realmente é importante nisso tudo é tentar adquirir uma maturidade na profissão do ponto de vista de processos de design e deixar isso tudo muito claro a todos, pois somente assim poderemos chegar a ter uma mentalidade como a Americana e a Europeia no que diz respeito ao Design.
    Bom, era isso, gostaria muito de ouvir o que vcs acham.
    Abraços!

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    1. Interessante ponto de vista do Walmor, realmente é um assunto muito polêmico rsrs parabéns ao Morgan pelo texto!

      Se for pensar a fundo, acho que todos temos consciência que as coisas podiam ser melhores conduzidas, de certa forma que nossa profissão nasceu na época da industrialização, as empresas tinham mais capacidade de produção e o designer a missão de desenhar os produtos, para os mais radicais isso iria totalmente contra a Sustentabilidade, como Morgan citou, para que desenhar algo se já existe, acho que o movimento eco é uma forma que as indústrias encontraram de desassociar sua imagem a poluição, destruição da natureza, etc. Quem nunca leu um gibi do Mauricio de Souza e viu um desenho de uma indústria e um rio sendo poluído rsrsrs

      A verdade é que jé é difícil ser designer no Brasil, encontrar o cenário ideal, empresa sustentável, consumidor consciente, é praticamente impossível... as oportunidades na área são muitas, mas poucas realmente ficam acessíveis aos designers, por inúmeros fatores. Por isso eu não julgo ninguém, acho que cada um sabe o que tem que pagar no final do mês, então eu não condeno um designer que desenha sei lá uma outra cadeira, se o design for legal, quando falo design já entendam por ergonômica, inteligente, bonita e todas as ciências que envolvem o design. Se for legal, vou achar o máximo.

      Walmor falou uma questão que eu acho engraçado, realmente temos muitos designers "popstars", eu não acho ruim não, acho engraçado, tem designer que se veste como designer, eu já falei pra minha noiva que o dia que eu tiver uma grana sobrando eu vou refazer meu armário huahahuahua faz uns 2 anos e nunca fiz, mas porque eu não ligo muito pra isso, mas eu acho que é questão de business, os designers popstars chamam mais atenção, e eu acho que é como uma fachada de loja, ele tá vendendo o pão dele, faz parte, na verdade acho que se isso ajuda a aparecer na revista e TV, pra mim é válido, divulga mais a profissão do designer, acho que contribui de uma certa forma pro Design nacional.

      (...)

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    2. (...)

      Com relação aos royalties, eu concordo que pro desenvolvimento de produto envolve diversas ciências, o Design é só mais uma delas, tem a engenharia, produção, marketing, comercial, diretoria, executivo, etc. Eu acho que o royalties foi uma forma que encontraram pra precificar uma ideia, afinal quanto custa uma ideia? a nossa profissão trabalha com criatividade, um engenheiro sabe que se a pessoa tem X kg ele te diz o diâmetro que tem que ter um tubo de metal pra suportar essa pessoa, se você entregar um desenho técnico na produção, eles vão saber quanto de material, hora máquina, você de uma certa forma consegue precificar a hora de trabalho desses profissionais, e um designer? quanto vale uma ideia inovadora? Não querendo desmerecer as outras profissões, mas acho que temos que valorizar o nosso trabalho também, afinal não existe formula, segredo, macete no mundo que te faça ter ideias inovadoras na hora que quiser. Eu por exemplo, vendi meu primeiro produto, na época achei um valor bom, pelo número de horas que trabalhei na ideia, mas quando soube o quanto ia ser produzido com aquela ideia, fiz uma conta básica de 0,50 centavos por produto, e queria me enforcar depois kkkkk

      Mas e aí como precificar uma ideia? é complexo, acho que os royalties foi uma forma que inventaram para se ter um valor próximo de uma ideia, se é uma ideia boa, ela vende e todos ganham, se não, os dois perdem, os outros profissionais envolvidos engenheiros, produção, etc tem sim sua importância mas acho que os royalties são relacionados ao valor da ideia, a menos que em um caso, a inovação do produto saiu da produção, e tem influência direta no rendimento comercial do produto, daí sim, acho justo que tenha lá sua participação, resumindo acho que os royalties tem que ser ligado a quem teve a grande sacada.

      Imaginem se todo designer desenha uma p# ideia legal, a empresa vende, cresce, aumenta o quadro de funcionários, os m2 da fábrica, e o designer fica só olhando, porque convenhamos vida de designer não é fácil...

      Sobre a responsabilidade, acredito sim que o designer tem responsabilidade sobre um produto desenvolvido, assim como todos os profissionais envolvidos, não só na venda do produto, mas com o emprego e o sustento das famílias de todos os colaboradores da empresa, um produto que não vende pode significar corte de empregados, todo um impacto social...

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