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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Design e Desenvolvimento Sustentável

No dia 20 de agosto de 2009 tivemos a presença do arquiteto e designer Marco Capellini da Design & Consulting e Matrec de Milão e Roma, para duas palestras programadas; uma na Fiesp e outra na Fundação Getúlio Vargas.

Segue-se um artigo que escrevi a partir da palestra de Capellilni.

A temática foi – Eco Design e a Construção do Futuro Sustentável.

Capellini possue uma vasta experiência metodológica e pragmática para o desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis.

Como ele mesmo cita, a palavra sustentabilidade está muito desgastada e muitos nem sabem bem o que ela significa. Nos últimos anos temos observado uma crescente preocupação das autoridades, associações ambientalistas e científicas com as questões ambientais, sugerindo prováveis catástrofes para o nosso planeta.

Infelizmente o nosso sistema produtivo ainda provém de uma noção de bem estar construido pela mente social, num contexto industrial localizado no último século na Europa e na América do Norte, onde a compreensão dos limites era escarsa e os recursos naturais eram dados por certo. Era o bem estar baseado no produto.

No começo da era industrial com o desenvolvimento da tecnologia e da ciência foi possível a materialização dos serviços na forma de produtos, por exemplo, os serviços de lavanderia deram surgimento às máquinas de lavar roupa, serviços de tocar música, rádios, vitrolas ou gravadores. A industrialização possiblitou a democratização do acesso, aumentando-se a quantidade de produtos disponíveis por preços cada vez menores.

Isto trouxe uma forma particular de bem estar, o bem estar de possuir, depois possuir para aparecer, para ter status, e consumir mais e mais produtos, o que caraterizou um modelo atual insustentável de produção e consumo. O problema é que esta noção de bem estar que permanece até hoje, é insustentável.

Para tanto, têm surgido uma série de normas que tentam coibir o uso desenfreado dos recursos naturais do nosso planeta, intervêm nos processos de produção que causam poluição, exigem tratamentos contra poluição dos efeitos criados por produtos industriais e finalmente tentam reorientar o comportamento social através do consumo sustentável.

Alguma coisa está mudando isto todos nós estamos percebendo.

Nunca as campanhas publicitárias se orientaram tanto para a venda de produtos ecológicos como hoje. Surgiram centenas de produtos mais “verdes”, leves, menores, mais baratos, feitos para serem consumidos mais rapidamente. Foram feitos também para conversar com a moda, como relógios que mudam em cada virada de estação, celulares e câmeras. Produtos que se aproximam da efemeridade e do descarte absoluto. Este tipo de produto e de campanha é chamada de “green washing” (lavagem verde). Este descarte sem critério ou afetividade, faz que sejamos a geração do”throw away”, sem nenhuma herança cultural para deixar para as futuras gerações.

Fazem certificações e marcas ambientais mas também arriscam de criar mais confusão do que informação.

Será que existe verdade em tudo o que dizem? E como nós poderemos saber?

A sustentabilidade não pode ser medida, pesada, tocada ou cheirada.

Ela só pode ser integrada ao produto através dos valores ambientais, sociais, e econômicos.

Materiais, processos produtivos, transporte, consumo e fim de vida são todos os aspectos que caracterizam a sustentabilidade de um produto. A tarefa dos designers e das empresas consiste em criar e produzir novos produtos levando em consideração todos os aspectos ambientais e sociais.

A tarefa do Designer é aquela de produrar encontrar a melhor sustentabilidade do produto através da escolha de materiais primários ou virgens e secundários (renováveis ou não) ou reciclados (pré ou pós consumo); dos processos produtivos; embalagem; sistemas de transporte; estocagem e funções de uso, sem esquecer a questão do descarte (pós uso). Esta última devendo-se pensar se o produto será restaurado, recuperado ou se se perderá por inteiro.

A tarefa da Empresa é de continuamente aperfeiçoar-se na escolha responsável de materiais, tecnologias e funcionalidades. Não basta vender um produto com a palavra Eco. Mas sim produzir valor de um modo competitivo, oferecendo para seus consumidores e para a sociedade em geral, soluções para garantir ou melhorar seu bem estar enquanto consumindo menos recursos e regenerando a qualidade do seu contexto socio ambiental.

A tarefa do Consumidor é aquela de conscientizar-se que tem uma grande força. Ele vai decidir o que comprar e usar e vai legitimar a existência de um produto ou serviço. É um consumo crítico. Um consumismo verde. Todas as pessoas devem agir como co-designers e co-produtores. Repensar no conceito de bem estar. Ao invés do consumo exacerbado consumir menos com mais qualidade. Descartar menos.

Entretanto um dos pontos mais enfatizados por Capellini na sua palestra foi que o consumidor só poderá executar a sua tarefa se os aspectos de sustentabilidade presentes no produto forem comunicados.

Sem Comunicação ou Informação o usuário não poderá ser formado. Não terá condições de reconhecer, comparar e escolher o valor socio-ambiental de um produto.

Suzana M. Sacchi Padovano
Mestre Designer Industrial
Studio Sacchi Designers
NUTAU/USP – Consultora em design industrial

Um comentário:

  1. Muito legal o post,
    Acredito que a onda do ECO vem como um tsunami, apesar de muitas empresas verem somente como uma jogada de marketing e nem liguem para seus reais beneficios, pelo menos bem ou mal intencionadas quem vem a ganhar é nosso planeta.
    Responsabilidade nossa como designers pensar nessa questão!

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