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sábado, 30 de outubro de 2010

Designer X Projetista

Na minha época de estudante e no início de carreira, ser projetista era o máximo. O projetista era "o cara". A hierarquia era a seguinte: na ponta da cadeia estava o desenhista copista (coitado!), aquele que passava a nanquim o trabalho feito pelo desenhista, que por sua vez tinha a função de organizar informações e representar o plano executivo criado pelo projetista. O projetista era um elemento-chave na cadeia de projeto - sua função era viabilizar a idéia ou conceito do Arquiteto ou Engenheiro. Aliás, o que seria de Oscar Niemeyer se não fosse sua equipe de projetistas??

Muito bem. Numa certa altura dessa história entrou a figura do Designer que, assim como o Arquiteto, pesquisa, conceitua e cria produtos que precisam ser traduzidos para a linguagem de projeto. É muito comum ouvir chefes de fábrica reclamando dos "projetos" de arquitetos e designers que não trazem informações suficientes sobre materiais e métodos construtivos. E é aí que entra o Projetista (com letra maiúscula).

Não há problema algum em ser projetista. Como disse, sou do tempo em que o projetista era um profissional gabaritado, disputado pelo mercado devido à sua formação nas ciências exatas somada à habilidade e criatividade para resolução de problemas. A gente costumava brincar dizendo que "tínhamos nanquim nas veias..." rs.

Atualmente as escolas de design dedicam mais tempo a ensino do AutoCad (como se a representação gráfica do projeto fosse mais importante que seu conceito) do que às ciências da pesquisa e conceituação. Assim, o futuro designer confunde sua função com a de projetista e faz nem uma coisa nem outra.

Hoje exitem centenas cursos de design no Brasil, e uma categoria de curso chamada Técnico em Design. De acordo com um supervisor do
Curso Técnico em Design de Móveis do SENAI, o objetivo da instituição é formar "técnicos" em design de móveis para auxiliar o Designer. Mas não é isto que o mercado entende – muitos empresários contratam esses "técnicos" pensando que são Designers.

Vejamos algumas matérias do curso:

Noções de construção de móveis; Tipos de construção; Partes de móveis: gavetas - corrediças de madeira, corrediças metálicas; portas - correr eixo vertical, eixo horizontal, de enrolar, ferragens, fundos de armário, prateleiras, batentes, perfis; Processo de produção do móvel; Tipos de processo; Noções de Custos; Logística.

Na minha lingua o profissional formado pelo Curso Técnico em Design deveria se chamar... PROJETISTA!!

Qual é o problema de ser Projetista?? (o mercado precisa deste profissional...)
Porque os projetistas de hoje se auto-denominam "designers"?
(se eu domino o Autocad, sou designer...)

Que maldita confusão estão fazendo com os cargos e funções da cadeia de projeto?

O que andam fazendo as "associações" de designers que não lutam pela ordem e regulamentação do exercício de nossa profissão, esclarecendo o mercado  sobre as reais funções do Designer?

Outro dia escrevi que, como designer, eu adoraria ser representada pelo CREA. Muitas pessoas não gostaram da idéia e voltaram à velha picuinha designer X arquiteto X engenheiro... Que bobagem! Há espaço para todos, inclusive para os os honrados Projetistas, parceiros do Designer na viablização técnica de suas idéias.

Acho que precisamos urgentemente reestruturar a cadeia de projeto para o bem dos futuros profissionais...

***

Existe uma outra categoria de "designers" por aí: é aquele pessoal que fez um cursinho para dominar os softwares home design, muito comum em lojas de móveis planejados. O carinha em questão aprende a operar o 20-20, Promob, Domus e etc, e já "se acha" designer (rsrsrs).
Pra essa turma um amigo meu criou um novo status profissional: PROGETÊRO.


Este texto foi retirado do livro Um designer sozinho não faz milagres - Ed. Rosari http://www.rosari.com.br/


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Canal Design Possivel - Christian Ullmann

Video muito bacana do canal Design Possivel, com depoimento do Christian Ullmann.


http://www.youtube.com/canaldesignpossivel

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Livro: A empresa orientada pelo Design

Lá vai mais uma dica de leitura, A empresa orientada pelo Design - Como construir uma cultura de inovação permanente, do Marty Neumeier.

Traz um modelo de gestão a base da inovação, muito interessante, vale a pena a leitura!



Sinopse
Os complexos problemas que enfrentam,os não podem mais ser resolvidos com base no modo de pensar que os gerou. O ponto de partida para a solução desses problemas está fora da gestão tradicional. Esqueça a qualidade total. Esqueça a estratégia de cima para baixo. Em uma era em que mercados se movem com rapidez e inovações aparecem em todo o lugar, não podemos mais "decidir" qual é o caminho à frente. Temos de adotar o design para projetar esse caminho.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Similaridade ou cópia?

Não existe coisa pior para um designer do que descobrir que aquela sua idéia já foi pensada antes. Isto muitas vezes acontece porque o conceito (idéia central) do projeto está baseado no mesmo argumento. Outras vezes a similaridade entre idéias acontece porque nosso inconsciente registra uma forma qualquer que vem à tona no momento da criação.
É claro que existem cópias descaradas de produtos em todo lugar. Mas nestes tempos de internet, excesso de informações e estímulos, pensar em algo que alguém já fez é bastante comum e provável. A culpa é das fontes de informação, das mensagens subliminares que recebemos, do inconsciente coletivo, não importa. O desafio do designer é reconhecer essas armadilhas e seguir incansável rumo à inovação.
O mundo continua precisando de produtos inovadores e originais. Para concebê-los o designer precisa conceituar bem seu projeto, pesquisar diversas fontes e submeter sua idéia à avaliação de indivíduos com referências distintas. A combinação destes fatores pode reduzir sensivelmente nossas chances de reinventar a roda.



sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Bons ventos do Design Brasileiro

No último final de semana, entre os longos percursos no trânsito de SP, escutei uma notícia sobre design na rádio CBN que falava sobre o lançamento do livro do célebre designer Bruce Mau, um dos co-autores do livro The Third Teacher que discute como aprendemos e como os espaços podem influenciar no processo de aprendizado. Novas teorias de aprendizado dizem mesmo que trocar de ambiente melhora a atenção para o estudo. Sem dúvida, designers podem contribuir e muito para essa questão. E, não só para a educação, para a sociedade, para a saúde, para tantos outros aspectos da vida humana. Candidatos a presidência deveriam ter designers não apenas em sua equipe de comunicação, mas especialmente na equipe estratégica. Quem sabe, em um futuro próximo, veremos isso acontecer.



Mas voltando a matéria da rádio, interessante pensar que uma emissora de cunho jornalístico está dando espaço ao design. Outra emissora, a Alpha FM mantém um programa que se chama Living Design, organizado pela jornalista e publicitária Monica Barbosa.

www.monicabarbosa.com.br

Jornais e revistas de grande circulação noticiaram nessa última semana várias coisas a respeito do design. Desde o encontro de Alexandre Wollner e Almir Mavignier para a abertura de duas exposições que contam com esses dois designers super importantes na história do design brasileiro. Uma exposição sobre o concretismo que conta com trabalhos de Max Bill, Mavignier e Wollner na Dan Galeria e outra no Museu Afro Brasil denominada Mavignier. Ambas em São Paulo.

Em Curitiba, sob a curadoria geral de Adélia Borges e coordenação geral do Centro de Design do Paraná, a Bienal Brasileira de Design – edição 2010-, está a toda. Uma grande exposição no sentido mais amplo do que significa ser grande. Não estou falando apenas em dimensões, mas sim em qualidade e pluralidade: nove exposições, um seminário internacional, uma intensa série de eventos paralelos que associam questões do mercado, do cotidiano, da educação e formação e também da academia no universo científico e de produção de conhecimentos. Apenas para citar dois exemplos: da exposição Uma Gráfica de Fronteira de Rico Lins ao II Simpósio Paranaense de Design Sustentável, entre tantos outros eventos distribuídos em diferentes locais da cidade. Curitiba respira design, de fato!



É muito bom ver a mostra principal da Bienal, denominada “Design, Inovação e Sustentabilidade” contar com aproximadamente 250 projetos, entre produtos, serviços e sistemas em vários segmentos do design que retratam o que vem sendo produzido no Brasil, de norte a sul do país, com uma preocupação que vai além da inovação e caminha no sentido de colaborar para uma sociedade melhor, ou seja, ser sustentável no sentido mais amplo desse conceito.

Por sua vez, o coletivo de design Established & Sons, fundado em 2005 em Londres, chega com seus produtos, nesse mês de setembro a São Paulo e aportam na loja paulistana Micasa.

Quantas coisas acontecendo em um único mês e o centro disso tudo é o design. Muito bom! Tudo isso serve para demonstrar a importância, a valorização e a capilaridade que o design vem ganhando a cada dia nesse país. Estar nos programas de rádio, em páginas de jornais e revistas, em um grande evento como a Bienal Brasileira ajuda a divulgar o sentido do design na vida das pessoas, na inserção no cotidiano, na dinâmica de um país, mas também aponta as possibilidades de expansão, fortalecendo a idéia de que o pensamento projetual, criativo, está super interligado com a inovação, a competitividade, a sustentabilidade. E o design brasileiro tem tudo haver com isso!

Bom para o campo do design, bom para o país, excelente para os designers!!! 

Bons sinais e bons ventos de um novo tempo!!!

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