Joice Joppert Leal, Diretora Executiva da Objeto Brasil, grava no Conjunto Nacional o programa NOVA ITÁLIA, que estreia dia 3 de novembro. O Programa irá ao ar todos os domingos às 21:30h na Rede CNT. Não perca!
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Cerimônia de Premiação - IDEA/Brasil 2013
Mais um ano com a renovada parceria e patrocínio do SEBRAE.
Este ano com muitas surpresas e um Prêmio Destaque Especial de Design
para a micro e pequena empresa.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
terça-feira, 16 de julho de 2013
Trophec - Ferramenta para Ciclo de Vida
O Designer mexicano Victor G. Martinez desenvolveu Trophec em seu doutorado na Northumbria University - Inglaterra.
A ferramenta ainda está sendo aprimorada e ele pede colaborações de designers, engenheiros, empresas de design para melhorar a sua proposta inicial.
Você pode ajudar de três maneiras diferentes:
1 -. Simplesmente usando a ferramenta, tanto quanto você quiser, é livre para qualquer pessoa, independentemente de idade, profissão ou experiência.
2 -. Permitir que ele participe com sua equipe em um de seus projetos para o desenvolvimento de um estudo de caso, se você quiser participar, entre em contato pelo site.
3 -. Melhorar a ferramenta (UX projetistas, designers gráficos e engenheiros certamente têm idéias que podem fazer de Trophec uma ferramenta muito mais útil.)
MAS O QUE É TROPHEC?
"Enquanto a análise do ciclo de vida (hard modeling) servem para fornecer uma compreensão detalhada dos impactos de produtos existentes, Trophec (soft modeling) serve para ter uma melhor visão de novos produtos, novas estratégias de negócio e seus sistemas.
Trophec é uma ferramenta para envolver as pessoas de uma forma lúdica e simples no design e investigar o ciclo de vida de um produto. "
O objetivo de Trophec é chamar a atenção para a solução, para criar uma "visão pré-analítica", a fim de produzir soluções criativas e sustentáveis, dentro dos limites do projeto. Em outras palavras, transformando problemas de sustentabilidade que precisam ser mitigados numa fase posterior, em problemas de criatividade que impedem esses problemas antes que eles realmente ocorram ".
VISITE TROPHEC
Palavras-chave:
desenho industrial,
design,
ferramentas,
marcio dupont
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Mottainai
A primeira vez que ouvi esta expressão foi numa pizzaria em Milão, anos atrás. Eu estava triste por não conseguir comer aquele último pedaço da pizza carcioffi, e lamentei. Ao meu lado estava um amigo de origem japonesa que me disse: “Na cultura nipônica há uma expressão para este seu sentimento - é Mottainai”. As explicações que vieram a seguir me deixaram encantada. Anotei a palavra num guardanapo e levei o último pedaço da pizza para o hotel.
Quantas vezes lamentamos as sobras de alimento que vão para o lixo, o desperdício, o consumo desnecessário ou exagerado de produtos, recursos e energia? Isto é Mottainai.
Mottainai é uma expressão japonesa que denota a atitude de não desperdiçarmos qualquer tipo de produto, recurso físico ou humano e acima de não despediçarmos nossas vidas. Não há uma tradução exata para outras línguas: “Mottai” significa a essência ou real valor de alguma coisa e o negativo “nai” significa “não”.
Algumas definições para Mottainai:
"Mottainai é uma forma de dizer obrigado a alguém que te ajudou"
"Mottainai é o sentimento de saudade de coisas que foram perdidas"
"Mottainai é uma pequena bondade que por vezes perde para o Mendokusai (tarefas chatas)"
"Uma mentalidade de apreciar todas as coisas deste mundo e utilizá-las sem desperdício."
Japan Junior Chamber (Global Mottainai Movement)
"Ela tem significado amplo. Ao mesmo tempo em que expressa um profundo agradecimento pela vida e por tudo o que se tem, significa também não ao desperdício e a valorização dos recursos. Mottainai significa, então, uma maneira mais humana de cuidar e de se relacionar com o planeta e com a vida. Uma filosofia que norteia atitudes vitoriosas de milhares de pessoas no mundo todo."
Chieko Aoki (Empresária da Blue Tree Hotels)
"Certas palavras japonesas não têm tradução em português. Por mais que nos esforcemos, o máximo que conseguimos é fazer comparações, dando um sentido a elas. Mottainai é uma dessas palavras, mas com profundo significado. Tudo o que poderia ser poupado ou preservado - e por qualquer razão deixa de ser - é Mottainai."
"Mottainai é um modo de vida, uma atitude consciente de cuidado com tudo que nos cerca.
Reduzir, Reutilizar, Reciclar + Respeitar. Este é o 3R+R que conceitua o Mottainai."
Hideaki Iijima (Empresário do Soho Hair International)
"Mottainai! A expressão da língua japonesa pode ser interpretada como “que desperdício!”.
Literalmente, pode ser compreendida como “faltando com a dignidade do objeto”, ou seja, parte do princípio de que se uma pessoa não é capaz de aproveitar ao máximo o uso de algo, não deveria nem mesmo possuí-lo, pois simplesmente não merece o direito ético ao material. Trata-se de uma expressão penosa, de tristeza, que denota a negação do vínculo entre todas as coisas." (Maria Clara Takaki, pesquisadora do Ideia Sustentável)
Mottainai, enfim, é um caminho seguro para o design do futuro.
Leiam mais sobre o Mottainai aqui.
Curtam Mottainai no Facebook!
Este artigo foi publicado originalmente em 18 de julho 2010.
sábado, 22 de junho de 2013
Para quê criar produtos?
Caros leitores do Falando
Andei meio sumida por aqui devido à falta de tempo com muitos projetos e viagens, até receber uma nova convocação do Dan Nishiwaki para postar algo. Muito bem: como meu artigo 'Designer X Projetista' continua no topo da lista Top 10 deste blog e rendeu muitas discussões (e comentários totalmente desfocados do assunto original), decidi voltar às polêmicas que adoro.
Mas antes de escrever algo novo quero contribuir com a discussão do texto 'Consumismo, obsolescência, design e o mito da sustentabilidade', do colega Rafael Morgan. Os questionamentos a respeito da ética e da responsabilidade do designer na criação de novos produtos são legítimos e ocorrem desde o nascimento da 'sociedade de consumo'. A cada período histórico a sociedade tem novos desafios a cumprir rumo à sobrevivência do planeta e das gerações futuras. Houve períodos em que a humanidade se mobilizou para registrar sua história, para conter doenças, para produzir ou acabar com as guerras. Hoje vemos nosso planeta ameaçado, e portanto a pauta da sociedade contemporânea é preservar recursos. Ponto final.
Na minha humilde opinião (e do alto dos meus 30 anos de carreira como designer), essa discussão toda sobre o consumo nocivo é bobagem porque cada um de nós tem seus valores, desejos e necessidades (principalmente aqueles que agora participam de uma economia emergente e podem realizar seus sonhos de conforto e status). O designer não tem a responsabilidade de catequizar a sociedade, impondo padrões de consumo. O papel do designer é contribuir para que a roda da economia gire de forma eficiente, criando produtos sintonizados com seu tempo e, como a questão ambiental é importante, que seja contemplada em seus projetos.
Para o colega Artur, que perguntou pra que criar? porque ser designer, se já existem cadeiras, mesas, tudo? eu respondo:
1. Porque vivemos num mundo material (às vezes materialista), e nos acostumamos com a funcionalidade e tecnologia dos objetos para facilitar nossas vidas. Aqui entra o trabalho do designer.
2. Porque precisamos de beleza para tornar nossas vidas suportáveis e prazerosas (até os Shakers, que produziam móveis e ferramentas para seu próprio uso baseados nos preceitos da simplicidade, sem elementos supérfluos ou decorativos, buscaram a beleza através da perfeição, pureza, ordem, durabilidade, funcionalidade e utilidade). Aqui entra o trabalho de designer.
3. Porque vivemos neste mundo desenhado a partir da Revolução Comercial, onde as sociedades se desenvolvem através da compra e venda de produtos. Aqui entra o trabalho de designer.
Abaixo reproduzo um texto que escrevi em 2008, mas que continua atual:
Uma designer em crise
Ao longo da minha vida tenho buscado, paralelamente, desenvolver uma carreira bem sucedida e viver com pouco. Tendo escolhido o Design como forma de expressão e meio de vida, uma carreira bem sucedida significa criar produtos que despertem no consumidor o desejo de possuí-los. E viver com pouco significa evitar o desperdício e exercitar a simplicidade.
Então, não é um enorme contra-senso atuar como Designer e cultivar o desapego? Durante anos me senti confusa com esta questão. Afinal, minha função na sociedade é estimular o consumo e até criar necessidades inexistentes.
Gandhi disse: “Precisamos SER a mudança que queremos VER no mundo”.
E SER é tão diferente das seduções trazidas pelo TER!
Numa visão mais pessimista, muitos enxergam apenas o lado nocivo da frenética busca por novidades. E neste cenário o designer assume o papel de vilão ao promover a febre de consumo que move mas destrói o planeta. Mas e a busca da beleza, do prazer e do conforto, onde fica?
Minha redenção começou quando descobri que, como designer ou consumidora, é possível “ser coerente”. Mais do que ser ecológica ou ser sustentável (não gosto de palavras da moda), ser coerente é reduzir o consumo, reciclar, reutilizar, reaproveitar, redesenhar... Infelizmente o mundo à nossa volta não é nada coerente. As sociedades conhecem o problema da emissão de gases poluentes, mas nos grandes centros urbanos milhares de pessoas mantêm um segundo veículo para o “dia do rodízio”. Todos conhecem a importância de economizar água, mas quando se trata de lavar o carro na calçada a resposta é “tô pagaaaaando...” E há também os consumidores “responsáveis” que abarrotam o armário com mimos ambientalmente corretos a fim de redimir sua consciência consumista.
O design de produtos tem a função de proporcionar conforto e comodidade, embora quase nunca questionemos profundamente seu impacto para o ambiente e a sociedade. Então, é função do designer questionar o impacto - negativo e positivo - gerado pelo produto que está projetando.
A partir da Revolução Industrial (que nos conduziu à idéia de que a beleza de um objeto depende de sua utilidade e eficiência) a relação homem/objeto vem mudando constantemente. Inúmeros produtos consagrados pelo tempo foram adaptados para finalidades que seus criadores jamais imaginaram, enquanto outros foram reinventados em novos materiais e tecnologias não disponíveis na época de sua criação. A obsolescência embutida em quase todos os produtos e a agressividade de alguns processos produtivos são fatores ainda ignorados e por isso mesmo devem estar na pauta de discussões de toda a sociedade cada vez mais ameaçada.
Mas o chamado “consumo consciente” vem alterando o conceito de beleza dos bens duráveis, que atualmente devem garantir um bom desempenho funcional, ser amigáveis, estar alinhados com o estilo de vida do público-alvo e ainda garantir a sustentabilidade econômica, ambiental e social.
Dizia um professor meu nos tempos de faculdade: “quanto melhor designer você for, menos desenhará”. É claro que demorei um pouco para entender e hoje concordo plenamente. Quando fica preso somente ao ato de desenhar, o designer deixa de pensar, planejar. Com o amadurecimento de nossa atividade no Brasil veremos designers cada vez mais engajados na produção de objetos inteligentes, comprometidos com o desenvolvimento sustentável e livres das crises de consciência.
Andei meio sumida por aqui devido à falta de tempo com muitos projetos e viagens, até receber uma nova convocação do Dan Nishiwaki para postar algo. Muito bem: como meu artigo 'Designer X Projetista' continua no topo da lista Top 10 deste blog e rendeu muitas discussões (e comentários totalmente desfocados do assunto original), decidi voltar às polêmicas que adoro.
Mas antes de escrever algo novo quero contribuir com a discussão do texto 'Consumismo, obsolescência, design e o mito da sustentabilidade', do colega Rafael Morgan. Os questionamentos a respeito da ética e da responsabilidade do designer na criação de novos produtos são legítimos e ocorrem desde o nascimento da 'sociedade de consumo'. A cada período histórico a sociedade tem novos desafios a cumprir rumo à sobrevivência do planeta e das gerações futuras. Houve períodos em que a humanidade se mobilizou para registrar sua história, para conter doenças, para produzir ou acabar com as guerras. Hoje vemos nosso planeta ameaçado, e portanto a pauta da sociedade contemporânea é preservar recursos. Ponto final.
Na minha humilde opinião (e do alto dos meus 30 anos de carreira como designer), essa discussão toda sobre o consumo nocivo é bobagem porque cada um de nós tem seus valores, desejos e necessidades (principalmente aqueles que agora participam de uma economia emergente e podem realizar seus sonhos de conforto e status). O designer não tem a responsabilidade de catequizar a sociedade, impondo padrões de consumo. O papel do designer é contribuir para que a roda da economia gire de forma eficiente, criando produtos sintonizados com seu tempo e, como a questão ambiental é importante, que seja contemplada em seus projetos.
Para o colega Artur, que perguntou pra que criar? porque ser designer, se já existem cadeiras, mesas, tudo? eu respondo:
1. Porque vivemos num mundo material (às vezes materialista), e nos acostumamos com a funcionalidade e tecnologia dos objetos para facilitar nossas vidas. Aqui entra o trabalho do designer.
2. Porque precisamos de beleza para tornar nossas vidas suportáveis e prazerosas (até os Shakers, que produziam móveis e ferramentas para seu próprio uso baseados nos preceitos da simplicidade, sem elementos supérfluos ou decorativos, buscaram a beleza através da perfeição, pureza, ordem, durabilidade, funcionalidade e utilidade). Aqui entra o trabalho de designer.
3. Porque vivemos neste mundo desenhado a partir da Revolução Comercial, onde as sociedades se desenvolvem através da compra e venda de produtos. Aqui entra o trabalho de designer.
Abaixo reproduzo um texto que escrevi em 2008, mas que continua atual:
Uma designer em crise
Ao longo da minha vida tenho buscado, paralelamente, desenvolver uma carreira bem sucedida e viver com pouco. Tendo escolhido o Design como forma de expressão e meio de vida, uma carreira bem sucedida significa criar produtos que despertem no consumidor o desejo de possuí-los. E viver com pouco significa evitar o desperdício e exercitar a simplicidade.
Então, não é um enorme contra-senso atuar como Designer e cultivar o desapego? Durante anos me senti confusa com esta questão. Afinal, minha função na sociedade é estimular o consumo e até criar necessidades inexistentes.
Gandhi disse: “Precisamos SER a mudança que queremos VER no mundo”.
E SER é tão diferente das seduções trazidas pelo TER!
Numa visão mais pessimista, muitos enxergam apenas o lado nocivo da frenética busca por novidades. E neste cenário o designer assume o papel de vilão ao promover a febre de consumo que move mas destrói o planeta. Mas e a busca da beleza, do prazer e do conforto, onde fica?
Minha redenção começou quando descobri que, como designer ou consumidora, é possível “ser coerente”. Mais do que ser ecológica ou ser sustentável (não gosto de palavras da moda), ser coerente é reduzir o consumo, reciclar, reutilizar, reaproveitar, redesenhar... Infelizmente o mundo à nossa volta não é nada coerente. As sociedades conhecem o problema da emissão de gases poluentes, mas nos grandes centros urbanos milhares de pessoas mantêm um segundo veículo para o “dia do rodízio”. Todos conhecem a importância de economizar água, mas quando se trata de lavar o carro na calçada a resposta é “tô pagaaaaando...” E há também os consumidores “responsáveis” que abarrotam o armário com mimos ambientalmente corretos a fim de redimir sua consciência consumista.
O design de produtos tem a função de proporcionar conforto e comodidade, embora quase nunca questionemos profundamente seu impacto para o ambiente e a sociedade. Então, é função do designer questionar o impacto - negativo e positivo - gerado pelo produto que está projetando.
A partir da Revolução Industrial (que nos conduziu à idéia de que a beleza de um objeto depende de sua utilidade e eficiência) a relação homem/objeto vem mudando constantemente. Inúmeros produtos consagrados pelo tempo foram adaptados para finalidades que seus criadores jamais imaginaram, enquanto outros foram reinventados em novos materiais e tecnologias não disponíveis na época de sua criação. A obsolescência embutida em quase todos os produtos e a agressividade de alguns processos produtivos são fatores ainda ignorados e por isso mesmo devem estar na pauta de discussões de toda a sociedade cada vez mais ameaçada.
Mas o chamado “consumo consciente” vem alterando o conceito de beleza dos bens duráveis, que atualmente devem garantir um bom desempenho funcional, ser amigáveis, estar alinhados com o estilo de vida do público-alvo e ainda garantir a sustentabilidade econômica, ambiental e social.
Dizia um professor meu nos tempos de faculdade: “quanto melhor designer você for, menos desenhará”. É claro que demorei um pouco para entender e hoje concordo plenamente. Quando fica preso somente ao ato de desenhar, o designer deixa de pensar, planejar. Com o amadurecimento de nossa atividade no Brasil veremos designers cada vez mais engajados na produção de objetos inteligentes, comprometidos com o desenvolvimento sustentável e livres das crises de consciência.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
A que Ponto chegamos?
Saudações a todas e todos!
Estou inaugurando
meus textos por aqui. O Daniel Nishiwaki, quando me convidou para compor umas
frases neste blog, disse-me que este será um gramado livre para escrevinhadores
como eu darem os seus pitacos e provocadas aos desainers. Quando escutei a
palavra provocadas, me animei. Não que acho provocar a melhor forma de se fazer
entender. Mas o chacoalhar que uma boa provocada pode gerar, me pareceu a
medida certa para tentar tirar os desaigners de certa inércia crítica que acredito acometer a categoria.
Esse primeiro
apanhado de palavras está um pouco maior que o habitual do nosso blog. Peço assim um
pouco de paciência para encararmos essa tarefa.
Gostaria de
trazer como 1ª reflexão, a impressão de que nós desaigners não estamos
utilizando todo o nosso potencial crítico. Talvez seja a hora de rompermos
certo acordo tácito de só nos “metemos a besta” de opinar sobre a sociedade,
naquilo que acreditamos estar ligado diretamente ao conhecimento correlato à
profissão?
Estou cutucando
logo de entrada e me arriscando a ser caracterizado como um escrevinhador
ranheta, porque acredito que nós, desaigners
podemos emitir opinião sobre tudo aquilo
que nos cerca e, portanto, podemos falar também sobre a nossa cidade. É isso. O
que eu quero com os meus textos aqui é procurar investigar e pousar um olhar de
desaigner neste povoado conturbado e carregado de gangorras de “Amor-e-ódio”
chamado São Paulo. Esta cidade de onde comecei no mundo, e onde até o momento
estou, que entre uma paisagem mais dura
e doída, carrega junto seus centímetros de beleza.
E quais serão essas
tais temáticas urbanoides pulsantes e prontas para nos esbaldarmos em análises?
Para dar vazão a
essa torrente propositiva, gostaria de começar refletindo sobre os novos
abrigos de ônibus de São Paulo.
Recentemente
pudemos, aos pouco-devagar-e-sempre, perceber que os pontos de ônibus da
cidade estão mudando. Deram agora de chamar nossos queridos pontos de ônibus de abrigos, embora vamos descobrir que cumprir com a etimologia dessa
palavra, não será uma das “prática desse
novo nome.
Desde abril deste
ano, a empresa Otima, de capital misto nacional-estrangeiro, ganhou um
processo de concorrência para substituir os pontos de ônibus de São Paulo por
novos abrigos. Um dos benefícios que essa empresa terá nesse processo, é
controlar a concessão dos anúncios existentes nesses espaços.
Dessa maneira, a
lei Cidade Limpa encontrou uma brecha, ou criou uma, para viabilizar aos
pontos de ônibus (assim como os já emancipados relógios de rua) terem como uma
das suas razões sociais, divulgar publicidade. A empresa, segundo apurou o
jornal O Estado de São Paulo, em
matéria publicada no dia 15/04/2013 e em outra no dia 02/06/2013, tem como
compromisso, substituir 4 novos pontos de ônibus por dia e um total de 1800 até
o final do ano. Embora a minha análise
como desaigner/usuário do transporte público ainda não tenha chegado aos
méritos do projeto, de cara percebo a inversão de valores que a concepção desse
modelo nos traz como premissa.
Isso nos leva a
crer que a gestão anterior da prefeitura (sim, nós desaigners precisamos criar
a cultura de dar nomes aos bois) elegeu como uma das prioridades do memorial
descritivo do projeto restabelecer uma parceria publico-privada via o modelo de
uso da publicidade como mecanismo de geração de renda e lucro à empresa
mantenedora do espaço. Qual o problema de conciliar publicidade e um ponto de ônibus? E de encontrar um ponto
de equilíbrio entre o seu uso propriamente dito e esse outro uso adaptado?
Nenhum, se procurarmos responder previamente qual é o principal benefício e
utilidade de um ponto de ônibus.
Seria o de
permitir ao usuário identificar e se nutrir de conhecimento a respeito de algum
produto de alguma empresa, antes que esse usuário pegue seu ônibus?
Ou seria garantir
a integridade, segurança, salvaguarda, acessibilidade física e acesso a
informação das linhas de coletivos que
abastecem aquele habitáculo?
Se você concordou
com a segunda descrição, ótimo, há esperança de conseguirmos construir uma
cidade e um país. Mas se ficou tocado pela primeira afirmação, e acha que é
possível conciliar as necessidades e usos, saibamos que para essa parceria se
estabelecer em harmonia, o principal uso de um ponto de ônibus (pegar ônibus) não pode ficar subordinado
hierarquicamente ao segundo (promover publicidade).
Poderia continuar
a desenvolver minha análise crítica sobre os pontos de ônibus de São Paulo, criticando
a escolha do desaigner carioca (Guto Índio da Costa), para a concepção desse
projeto de natureza genuinamente paulista. Ou me ater à preferencia estética
utilizada na criação dos 4 modelos distintos de design das peças do mobiliário,
onde forma não é função. Mas deixo esse tópico para outro texto e me apoio no
momento nas considerações do arquiteto Lúcio Gomes Machado, professor da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP no mesmo artigo já citado do
Estadão (link para o artigo), intitulado “O ‘pai’ dos pontos da cidade”. Ele questiona a maneira como o escritório de
Guto foi escolhido: "Um concurso seria mais correto, em vez de deixar
para uma concessionária a definição." A concessionária Otima explica
que contratou Guto por "sua vasta experiência no design de mobiliários
urbanos, desde o projeto do Rio Cidade Leblon, de 1993, até o de quiosques e
restaurantes de Copacabana". Escolha só não menos autoritária que as
decisões sobre os chefes de Estado do Brasil entre 1965 e 83.
Acho que o Brasil
é de todas e todos nós e mesmo que pareça não haver um pertencimento direto do
desaigner carioca no intrincado meio ambiente paulistano, ainda sim sua
disciplina como profissional capacitado, pode suprir esses dilemas, com uma
adequada e exaustiva pesquisa de campo. Além disso, o artigo do Estadão nos
brinda com a seguinte tentativa de justificativa do desaigner, sobre sua
escolha: "Sou carioca por teimosia, porque venho para São Paulo (onde
estão seus principais clientes) pelo menos uma vez por semana.", "Já
tomei bastante ônibus em São Paulo, sei que não é uma tarefa fácil." e
"A gente entende de gente, de como as pessoas se relacionam com as
coisas.".
Também não vou me
aprofundar na subjetividade da escolha em dividir São Paulo em quatro temas
distintos para criar os estilos dos desenhos dos mobiliários (caos estruturado,
minimalista com ginga, high tech e brutalista). Deixo isso também para outra
ocasião (para vocês verem que o tema rende).
Vou esmiuçar a cousa
por outra seara.
E antes mesmo de
apresentá-la, digo por que a elegi o motivo principal: os novos abrigos de
ônibus de São Paulo são ruins porque não cumprem adequadamente seu objetivo
principal: Servir adequadamente as necessidades de que espera um coletivo
Como eu sei
disso? Empiricamente. Conto-lhes.
Conversando com
um amigo, certo dia nublado no centro de São Paulo, divagávamos sobre os novos
pontos de ônibus. Iniciávamos a prosa sobre como eles não pareciam resolver as
arestas já existentes no projeto anterior. Como nossa conversa ficou
demasiadamente abstrata, decidimos então ir até um exemplar do dito novo ponto,
localizado em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, na Praça Ramos de
Azevedo.
Chegando lá, São
Pedro deu o ar da graça e nos despejou uma boa carga de água do céu para o topo
da cabeça. No ímpeto de não voltarmos encharcados para a firma, corremos para o
ponto novo. Eram 14h e o abrigo se encontrava lotado. O ponto, uma unidade de
apenas um módulo não parecia contemplar o volume de pessoas que ali se
acotovelavam à espera do coletivo. Basta observemos a dilatada (e necessária)
largura das faixas de pedestre naqueles cruzamentos que rodeiam o abrigo.
Dimensionadas para um alto fluxo de pessoas, me fez imaginar que o ou a
responsável por delegar a aplicação de somente um módulo do novo ponto por ali,
ignorou a realidade local.
A surpresa
seguinte veio por meio de uma carregada e
arteira goteira que pendia entre as duas laminas de vidro transparente que
servem de teto do lugar. Podemos pensar que os duros anos de prestação de
serviço daquele bravo guerreiro do
mobiliário urbano teriam calejado o pobre recinto. Como se trata de uma
estrutura jovem e recém saída do forno, podemos colocar esse evento naquilo que
se tornará a extensa e parruda lista de falhas projetuais desse projeto.
Observando uma
senhora que, não muito exitosa desviava dessa grande goteira, pescoceime
por entre as demais cabeças espremidas e percebi que somente duas pessoas
estavam sentadas. O restante de pé e sem sorriso. Democracia? Me pareceu na
verdade a insipiência de um projeto que não premeditou que idosos e pessoas em
situação mais frágil não foram contabilizadas como sentantes.
Na ação desta
minha esgueirada para o lado, aproveitei para checar a barra da minha calca. Seguia
ensopada, próxima de atingir o nível
dilúvio. As calças “vizinhas” seguiam pelo mesmo caminho. A estrutura que
recobria a retaguarda do ponto, de vidro não inteiriço até o chão, não eximia
os usuários do spray de água vindo por baixo. E como não bastava só o
desconforto da tentativa de me manter seco resolvi consultar o itinerário dos
ônibus, afinal, essa poderia ser uma necessidade minha num ambiente como
aquele. Nova surpresa ao percebeu que, para descobrir o nome dos busões que por ali navegavam, eu
precisaria me aventurar pela chuva. O material de divulgação dos itinerários
situava-se fixado na face externa de uma
coluna de sustentação da estrutura toda. Enquanto me confrontava com a ideia de
ficar ensopado durante essa tarefa, percebi que me fitava, altivo e senhor de si, a
pouco centímetros de mim, soberbo e grandioso, o painel de dois metros de
metal e vidro do totem de divulgação da publicidade. Oras, o que pode ser mais
importante num ponto de ônibus que a publicidade? Porque então não deveria o filet-mignon
do ponto ficar em tal privilegiada área de leitura? Uma leitura fácil e “não
molhada”, diga-se. E porque mereceria, o nosso insosso e maltrapilho itinerário
dos coletivos figurar no belo totem de aço? Justo o itinerário, com seus textos
tão repetitivos, com números e palavras desinteressantes? Que ponham o itinerário
exposto ao luar, às estrelas e à chuva para refrescá-lo de tempos em tempos.
Diga-se, que depois de pequena meditação, me afortunei chuva afora para ver o
grafismo da lista. E mesmo confrontando a torrente de água que caía, consegui
perceber que o tradicional canto-de-adesivo-arrancado-por-unha,
já constava como item de série. Claro que não vamos mudar o hábito de
cutucarmos adesivos públicos da noite para o dia. Mas bem que poderíamos mudar
a inteligência em fazer coisas cutucais em espaço onde elas precisam durar.
Concluída essa excursão, que para mim e meu camarada não terminou no segundo
episódio chamado ida-para-casa-encharcado(a)-e-sacolejando,
ficamos com a impressão que tínhamos as análises iniciais: esse ponto de ônibus
não foi projetado para quem pega ônibus.
Visto que a
vivência com o novo ponto de ônibus, não começou bem, resolvi me aprofundar na
coisa.
E nesse processo
saudável de identificar rebarbas do projeto, percebi andando por outros pontos,
como o da esquina da Praça Charles Miller com a Avenida Pacaembu, que a forma como o vidro foi empregado na
estrutura não só permitia fácil depredação do mobiliário urbano, como também
não protege do frio, do vento, da chuva e, principalmente, do sol. Qual não foi
minha surpresa ao ler de novo no artigo do Estadão, o seguinte trecho: “Guto
teve de ouvir poucas e boas. Quando os pontos começaram a ser instalados, em
fevereiro, a reclamação era de que o modelo todo de vidro deixava os usuários
expostos ao sol. "Chegaram a me questionar no Twitter. Mas desde o início
estava prevista a instalação de uma proteção anti-ultra-violeta e
anti-infravermelho que reduz brutalmente a radiação solar, deixando passar
apenas 3% de luz e calor", explica. "As pessoas precisam entender que
obra é assim mesmo, os pontos que não têm isso ainda não foram completamente
finalizados." .
Agora reflitamos:
Se estava previsto no memorial descritivo do projeto o uso dessa proteção,
porque não foram aplicadas nos pontos já entregues? E o que justificaria
primeiro instalar os pontos para depois aplicar a película? E o que passa na
cabeça de alguém achar que está tudo bem fazer tardiamente um remendo no
projeto, mandando às favas os diversos usuários e usuários que já foram
acometidos pelo sol a pino? Claro, os mais acintosos vão imaginar que faltou sensibilidade
dos desenvolvedores por não preverem que o Brasil, país tropical, tem seu
companheiro Sol um sorridente e
gentil emissor de calor para nossa terrinha. No artigo, o desaigner arremata: “As
pessoas precisam entender que obra é assim mesmo(...)”. Traduzindo: Uma
belo de um amadorismo profissional, se me permitem essa contradição no termo.
Esse tipo de abordagem abre margem para que os desaigners possam ser
questionados como principiantes, sugerindo que o Brasil é um país onde podemos
ter espaço para esse tipo de amadorismo. Que o Brasil é um país onde podemos
ser principiantes, pois vão entender que é assim que fazemos para descobrir que o resultado do que fizemos não
atingiu a excelência que deveria alcançar.
Eu poderia ficar
aqui horas e horas questionando o que esse artigo expõe de pior para os usuários
de ônibus e para os designers. Poderia escrever uma tese de mestrado sobre como
os usuários de ônibus foram desqualificados pelas afirmações expostas no artigo.
Digo nesse
momento que não daremos ao projeto do Indio da Costa e da concessionária Ótima,
nosso salvo conduto. Ao contrário. Inicio aqui uma périplo que visa, no seu
aspecto mais humano, requalificar e repensar mudanças nesses pontos de ônibus
que nos permitam um novo olhar de pertencimento e satisfação com esse
mobiliário urbano. Uma jornada que, no seu lado mais duro e incisivo,
buscará expor as incongruências do formato
da concepção desse projeto. Um modelo que me parece não ter usado a sabedoria e
conhecimento do desaigner, no processo de inclusão do usuário como parte de sua
elaboração. Estamos em um momento que os e as desaigners precisam ser mais
consequentes e mais críticos sobre o formato como pensam a criação do
patrimônio público. Construir mais pertencimento em nossas cidades é também
aumentar o sentimento de respeito com o bem público, passando a respeitá-lo com
mais entusiasmo. Repensar como faremos novos projetos como esse, sem que eles
se tornem figuras irreconhecíveis de seu propósito, criando mais mazelas do que
soluções.
Vocês não gostariam também de dar seus pitacos sobre São Paulo?
Manda bala!
Desde já, gostaria de propor nova reflexão sobre os abrigos de ônibus. Desta vez, nos incitando a sermos programáticos e opinativos, sugerindo possíveis melhorias e alterações de projeto e pensando formas de pressionar o poder público municipal a efetuar essas mudanças.
E para quem interessar, segue outro filão que merece pousarmos nosso olhar crítico. Que parece opinarmos sobre a duvidosa, e por que não, tacanha intervenção da vitrine rodeando o chafariz da Praça Julio de Mesquita, na esquina da rua Barão de Limeira com a Rua Vitória, no centro de São Paulo. Segue link para vocês conheceram essa aberração.
forte abraço a todas e todos...
Vocês não gostariam também de dar seus pitacos sobre São Paulo?
Manda bala!
Desde já, gostaria de propor nova reflexão sobre os abrigos de ônibus. Desta vez, nos incitando a sermos programáticos e opinativos, sugerindo possíveis melhorias e alterações de projeto e pensando formas de pressionar o poder público municipal a efetuar essas mudanças.
E para quem interessar, segue outro filão que merece pousarmos nosso olhar crítico. Que parece opinarmos sobre a duvidosa, e por que não, tacanha intervenção da vitrine rodeando o chafariz da Praça Julio de Mesquita, na esquina da rua Barão de Limeira com a Rua Vitória, no centro de São Paulo. Segue link para vocês conheceram essa aberração.
forte abraço a todas e todos...
terça-feira, 28 de maio de 2013
Conselho do Centro Brasileiro de Design Industrial
Centro Brasileiro de Design Industrial - CBDI está dando o passo final de sua formalização com a posse do seu Conselho Técnico. A instituição pretende concentrar todos os esforços nas ações para o desenvolvimento e fortalecimento da cadeia produtiva do design brasileiro.
A partir do dia 27.05, a equipe do CBDI estará exclusivamente focada em buscar resultados eficazes e de maior abrangência.
O modelo proposto se difere das outras associações de classe uma vez que terá em seu quadro de associados não somente os profissionais, escritórios e estudantes da area mas também as indústrias, comércio e os diversos parceiros relacionados (escolas, midias, entidades governamentais e não governamentais etc), enfim: pretende ser uma associação voltada para toda a cadeia produtiva do design industrial, atuando em suas mais variadas frentes.
O principal objetivo é ganhar representatividade junto aos orgãos de governo, grandes empresas e público em geral de forma a demonstrar a capacidade de contribuição do design para a inovação, o crescimento sustentado e o incremento na qualidade de vida sendo metodologia e ferramenta de diferenciação de produtos, serviços e políticas públicas. Além disso, pretente também divulgar e promover o design e o produto brasileiros tanto nacionalmente quanto internacionalmente.
Diretor Geral
Daniel Kraichete
Diretor Administrativo
Roberto Hercowitz – Em2 Design
Diretor Cultural
Alessandra Clark – Mameluca Design
Diretor Financeiro
Bernardo Ferracioli - MateriaBrasil
Presidente do conselho Técnico
Guto Indio da Costa -
Vice-Presidente do Conselho Técnico
Ricardo Gutfreund - Lumini
Conselho Fiscal
Leonardo Lattavo - Lattoog
Celso Santos - Rio 21 Design
Joana Neves – Coordenadora da Economia Criativa da Secretaria de Cultura do Estado do RJ
O Conselho Técnico:
Relações com os Designers - Levi Girardi – Questto/Nó
Relações com o Comércio – Sérgio Buschpigel - Dpot
Relações com a Indústria – Mário Fioretti – Whirlpool
Relações com a Academia – Dijon de Moraes
Relações com a Imprensa – Maria Helena Estrada
Relações Internacionais – Givanni Cutolo – ADI italia – Fondazione Compasso D'oro
Relações Institucionais – Cyntia Malaguti
Extraído de : Conselho Técnico do Centro Brasileiro de Design Industrial toma posse no dia 27 de maio
ATUALIZADO PARA 2014:
VEJA DIAGNOSTICO DO DESIGN BRASILEIRO
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Palavras-chave:
design,
design brasileiro,
marcio dupont
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Consumismo, obsolescência, design e o mito da sustentabilidade.
Algumas estatísticas estipulam que se todas as pessoas do mundo consumissem como a classe média dos países desenvolvidos, precisaríamos de, se não me falha a memória, mais dez planetas Terra para prover os recursos e mais cinco só para jogar o lixo.
Se o ideal atual de uma sociedade global igualitária é que todos, sem exceção, possam ter um estilo de vida confortável mediano, que seria equiparável ao vivido pela classe média de tais países desenvolvidos, tal feito já seria impossível, como disse no parágrafo acima. Logo, para que o padrão contemporâneo de qualidade de vida exista para poucos, tem que existir pobreza e miséria para muitos, pois é impossível que todos gozem deste privilégio.
Como então seria possível que todos que vivem neste planeta tenham uma boa qualidade de vida, que seja pelo menos próxima do ideal de sustentabilidade e igualidade social? Ao meu ver existem, resumidamente, duas maneiras conectadas diretamente ao design:
Reduzir dramática e radicalmente o consumismo e criar bens de consumo que visem genuinamente a qualidade e durabilidade.
Se o ideal atual de uma sociedade global igualitária é que todos, sem exceção, possam ter um estilo de vida confortável mediano, que seria equiparável ao vivido pela classe média de tais países desenvolvidos, tal feito já seria impossível, como disse no parágrafo acima. Logo, para que o padrão contemporâneo de qualidade de vida exista para poucos, tem que existir pobreza e miséria para muitos, pois é impossível que todos gozem deste privilégio.
Como então seria possível que todos que vivem neste planeta tenham uma boa qualidade de vida, que seja pelo menos próxima do ideal de sustentabilidade e igualidade social? Ao meu ver existem, resumidamente, duas maneiras conectadas diretamente ao design:
Reduzir dramática e radicalmente o consumismo e criar bens de consumo que visem genuinamente a qualidade e durabilidade.
Qual é o papel do designer nisso tudo? Bom, o design é parte fundamental nas fundações do consumismo, estando envolvido em todos os processos da longa cadeia de desenvolvimento de qualquer bem de consumo, desde o projeto inicial, o planejamento, o branding até o marketing publicitário.
Fundamentalmente, o design é a peça principal deste processo; É ele que desperta o desejo desenfreado de consumo nas pessoas, juntamente com a manipulação propagandista que, ao longo dos anos, vem condicionando as pessoas a pensar que a posse de coisas é a chave da felicidade.
Enquanto isso, estamos sempre ouvindo falar da tal sustentabilidade. "Isso ou aquilo é sustentável", "A sustentabilidade tem que vir em primeiro lugar", dizem os professores de design pelo mundo afora. Não sei se dizem isso por ignorância, cegueira ou para tentar vender seu peixe; Só sei que, com absoluta certeza, estão totalmente equivocados.
A tal sustentabilidade não existe. É totalmente utópico pensar-se o contrário dentro do contexto da sociedade contemporânea. Nossa própria existência, dentro do atual quadro social e populacional, é insustentável; Nossos próprios inevitáveis dejetos fisiológicos estão afogando a sociedade em esgoto, basta observar o estado deplorável do Rio Tietê, em São Paulo, ou o Rio das Velhas, em Minas Gerais.
Em todo caso, em primeiro lugar, como designers, devemos nos questionar o quanto é sustentável, por exemplo, criar mais uma cadeira ou mesa, e despejar esse produto num oceano de similares entre os quais, de maneira geral, não existe grande diferenciação ergonômica ou funcional. Uma cadeira de um Philippe Starck da vida, usando critérios de análise objetivos, é realmente melhor de se sentar do que uma cadeira comum de plástico, que já atente a todos os critérios ergonômicos? Por incrível que pareça, muitas vezes é até pior. Quem aqui já não sofreu tentando permanecer sentado por mais de cinco minutos em uma cadeira "assinada" caríssima?
Então, essencialmente, quando o designer deságua mais um produto no mercado, que se diferencia dos demais somente por algum fator estético, que por mais que seja importante psicologicamente, não trás nenhum benefício ou inovação tangível ao ser humano, está criando lixo. É isso mesmo; O design, como é abordado atualmente, cria lixo. Não se iludam pensando que seu novo produto está trazendo benefícios à sociedade pois, na grande maioria dos casos, está fazendo justamente o contrário.
A obsolescência programada é uma das principais peças deste problema; É a filosofia mercadológica da qual o designer raramente consegue escapar, pelo menos se quiser ganhar dinheiro o suficiente para levar uma vida confortável.
Existem dois tipos de obsolescência programada; O primeiro é aquele em que os produtos são projetados para estragar fisicamente depois de um tempo pré-determinado de uso, obrigando o usuário a comprar um similar novamente. Alguns equipamentos eletrônicos, como impressoras, possuem chips internos programados para queimar depois de um determinado número de impressões, inutilizando o aparelho por completo.
O segundo é aquele em que o usuário, mesmo tendo um produto perfeitamente funcional em mãos, através da manipulação social e propaganda, sente-se socialmente inferior por não ter o modelo atual do mesmo, levando-o a descartar um produto em perfeito estado de funcionamento para obter um modelo atualizado, que muitas vezes oferece apenas alguns incrementos de design a mais em relação ao seu predecessor e nenhum incremento adicional significante em termos de função. Um grande exemplo são os produtos "i" da famosa Apple. A pessoa tem um iPhone X perfeitamente funcional, mas sente um desejo incontrolável de comprar um iPhone 2X no momento do seu lançamento, mesmo que ele não apresente modificações positivas reais; Arredonda-se uma quina aqui, muda-se o tamanho da tela em alguns milímetros ali e pronto, está lançado o "novo" iPhone totalmente "inovador" e absurdamente tentador.
Não tem como negar que existe alguma coisa muito errada nisso tudo, certo? O documentário "The Light Bulb Conspiracy" mostra como tudo começou.
Logo quando a lâmpada incandescente foi inventada e começou a ser comercializada em massa, cada uma durava cerca de 100.000 horas. No entanto, por ser um produto tão bom e duradouro, não estava gerando lucratividade para a indústria, então, todos os fabricantes do mundo se reuniram e, depois de muito esforço e estudos, determinaram que todas as lâmpadas comercializadas não poderiam durar mais do que 1.000 horas. De fato, uma destas primeiras lâmpadas está funcionando 24 horas por dia desde que foi inventada, em algum museu o qual não me lembro o nome, sem apresentar nenhum problema.
Imaginem o prejuízo que tal tratado, consagrado entre quatro paredes, trouxe ao mundo, em termos de desperdício de recursos, durante todo este período; Simplesmente não é quantificável.
Outro caso clássico é o da meia-calça feminina que, logo quando foi inventada, era tão resistente que propagandas eram feitas com elas sendo usadas para rebocar caminhões, sem desfiar um fio. Como a lâmpada, os engenheiros foram ordenados a encontrar uma maneira de torná-las mais frágeis, em prol da lucratividade da indústria.
Meu ponto é: Onde está a ética nisso tudo? Qual a razão pela qual, ao invés de criar o melhor produto possível e buscar a lucratividade usando a criatividade para criar um sucessor ainda melhor, rebaixar um excelente produto à mediocridade para posteriormente criar produtos um pouco menos medíocres?
Imaginem como a tecnologia de iluminação estaria hoje, se ao invés de deliberadamente terem piorado as primeiras lâmpadas, estivessem trabalhado duro para torná-las ainda melhores?
E como o design, e o designer, participam nisso tudo? Fato é que os designers de hoje em dia, já ficam extremamente felizes por ter um de seus produtos introduzido no mercado, e não ligam a mínima sobre como tal produto foi produzido e como ele está contribuindo para a evolução da sociedade e a construção de um mercado um pouco mais saudável. Se uma empresa internacional resolve produzir, por exemplo, uma de suas luminárias na China, usando trabalho escravo dentro de uma fábrica com zero controle de emissão de poluentes, você faria alguma oposição?
E se fosse convidado a trabalhar no setor de design da Apple? Você aceitaria o emprego, mesmo sabendo que eles poderiam criar um super aparelho de celular que demoraria anos para ser objetivamente superado, mas preferem criar novos aparelhos com incrementações placebo, em prol da ganância financeira?
E se fosse convidado a trabalhar no setor de design da Epson ou Canon, desenvolvendo belíssimos produtos que são criminosamente programados para estragar, forçando o consumidor a comprar um produto novo periodicamente? Você aceitaria ou faria alguma objeção?
E como consumidor? Quando você comprou seu iPad, você se preocupou com o fato de que as condições de trabalho da fábrica que o produz são tão precárias e abusivas, que instalaram redes de proteção contra suicídio no campus da empresa, como forma paliativa de frear o grande número de funcionários que preferem se matar do que suportar mais um dia vivendo naquelas condições, tudo isso pra você ficar passando seus dedinhos naquela tela o dia inteiro?
É meus amigos, a coisa está feia para o nosso lado; O cerco está se fechando e está se tornando cada vez mais difícil usar a criatividade para deixar nossa marquinha positiva aqui neste planeta.
Se houvesse uma espécie de juramento Hipocrático para os formandos em design, como existe nos cursos de medicina, provavelmente todos nós já o haveríamos quebrado.
Resumindo; Já passou da hora do ensino de design e dos próprios designers repensarem o nosso papel na sociedade, começando a agir de acordo.
Modelo de sustentabilidade mesmo, só existiu nas sociedades indígenas; Na nossa, sustentabilidade não passa de um mecanismo de propaganda ilusório e utópico, que continuará sendo assim enquanto não criarmos uma resolução ética definitiva para a nossa função, para pelo menos tentar nos aproximar do ideal.
Temos que descartar o ridículo senso de "glamour" que permeia nosso ciclo de personalidades excêntricas vestidas como pop-stars, e começar a ser realistas. Design é uma profissão como qualquer outra, cuja a justificativa covarde de que "estou só fazendo o meu trabalho" pode até enganar os bobos, mas não passa de uma desculpa chula para tentar diminuir a significância de que estamos usando nossa criatividade para alimentar uma indústria ultrapassada, irracional e destrutiva.
Pense nisso tudo quando for criar seu próximo produto. Se, por ventura, constatar que o mesmo não trará nenhum benefício à sociedade, tratando-se de somente mais um belíssimo pedaço de lixo, talvez seja melhor deixá-lo no mundo intangível da imaginação, para amadurecer mais um pouco.
E por favor; Não me venham com esse blablabla de sustentabilidade.
E por favor; Não me venham com esse blablabla de sustentabilidade.
Mentira e Design
* texto originalmente publicado no Filosofia do Design (06/10/2011).
Desde pequenos nós escutamos, em diversas ocasiões, o conselho “seja você mesmo”. É uma tarefa difícil, pois ela pressupõe que já sabemos o que somos. Partindo do mesmo pressuposto, os designers procuram projetar algo “diferente” que nos permita continuar sendo aquilo que (achamos que) somos: alguém diferente dos outros.
Mas tentar “ser diferente” significa, no fundo, reivindicar por um direito que supostamente todos nós temos: respeito, dignidade, igualdade, etc. Todo mundo tem o direito de ser diferente. Então podemos reconhecer aqui o seguinte paradoxo: a igualdade é o fetiche de quem quer ser diferente. Ou: ser você mesmo implica ser igual aos outros. Acontece que “ser você mesmo” pode se tornar apenas um eufemismo para “zona de conforto” na medida em que nos recusamos a mudar quem somos, como uma tentativa de fazer uma mentira ser verdade.
No entanto, sinceramente não vejo nada de errado nisso. Errado é fingir que isso não acontece. Fingir que podemos deixar de mentir sobre nós mesmos. Se você acha que não mente sobre si mesmo(a), você tende a procurar coisas e pessoas tão sinceras quanto você. Ou seja, algo ou alguém que confirme a sua verdade, que compartilhe de seus medos, que mantenha seu mundo em segurança.
Claro que, assim como a maioria dos relacionamentos, o Design não escapa deste fingimento. Mas o que aconteceria se, ao invés de continuarmos fingindo, nós assumíssemos a mentira que somos? Reconheceríamos que a mentira pode nos oferecer certa liberdade: ela nos permite negociar o que somos, nossas verdades, nossos preconceitos, nossos ideais.
Esta negociação pode ser movida pela conveniência ou aceitação social – ou pela garantia da comida na mesa –, mas nada impede que a estratégia seja outra: a negociação em si. Permitam-me um exemplo. O filme Joana d’Arc de Luc Besson retrata a determinação e fé inabaláveis de Joana d’Arc em sua “missão divina”. Mas como a mensageira de Deus não teria mais serventia após a Guerra dos Cem Anos, ela é capturada pelos ingleses e condenada à fogueira por heresia. Nesta parte, Joana d’Arc (Milla Jovovich) começa a conversar com um senhor imaginário (Dustin Hoffman) que a questiona sobre sua suposta missão divina.
Em um primeiro momento, Joana reconhece que sua vaidade heroica passou por cima da vontade de Deus. Mas quando ela assina uma carta de retratação, aquele senhor imaginário lhe questiona: onde está sua fé agora? Joana então percebe que não havia missão nenhuma, que ela não era “enviada por Deus”, e se arrepende de tamanha blasfêmia. “Agora você pode ir para a fogueira”, o senhor responde, “pois finalmente você cumpriu com sua missão”.
Embora este diálogo esteja mais ligado à ideia de redenção, meu ponto é que não podemos negociar alguma coisa sem a possibilidade de perder esta coisa – ou seja, sem a possibilidade desta coisa ser uma mentira. Por mais que a mentira nos deixe desconfortáveis, inseguros, perdidos, uma pessoa que procura a verdade o tempo inteiro não negocia coisa alguma. É preciso assumir certas mentiras para que determinadas “verdades” tenham mais valor.
Obviamente não estou dizendo que deveríamos mentir mais – assumir é diferente de incitar. Mas pensando em Design e especialmente em processos criativos, podemos reconhecer que a mentira é capaz de atribuir novas verdades aos projetos, retirando-os das regras e enquadramentos que lhes são ordinariamente impostos.
As pessoas não querem apenas um bom carro, elas querem um carro que escale uma montanha, mesmo sabendo que é mentira. Neste sentido, mentir não significa necessariamente enganar as pessoas – quem se engana é o designer que tenta fazer isso. Aliás, o que me parece mais difícil no Design, e ao mesmo tempo mais belo, é justamente conseguir revelar a mentira das pessoas que fingem não mentir.
Significa tirar o “seja você mesmo” da zona de conforto e negociar novos modos de pensar e de sentir. Claro que isso é pedir demais (aos designers e às pessoas), pois geralmente é mais fácil e desejável continuar “empurrando com a barriga”. Mas a sutileza (o mais difícil e mais belo) está na intensidade que esta mentira verdadeira pode proporcionar: quando ser você mesmo é tão difícil e tão belo quanto deixar de ser você mesmo.
Desde pequenos nós escutamos, em diversas ocasiões, o conselho “seja você mesmo”. É uma tarefa difícil, pois ela pressupõe que já sabemos o que somos. Partindo do mesmo pressuposto, os designers procuram projetar algo “diferente” que nos permita continuar sendo aquilo que (achamos que) somos: alguém diferente dos outros.
Mas tentar “ser diferente” significa, no fundo, reivindicar por um direito que supostamente todos nós temos: respeito, dignidade, igualdade, etc. Todo mundo tem o direito de ser diferente. Então podemos reconhecer aqui o seguinte paradoxo: a igualdade é o fetiche de quem quer ser diferente. Ou: ser você mesmo implica ser igual aos outros. Acontece que “ser você mesmo” pode se tornar apenas um eufemismo para “zona de conforto” na medida em que nos recusamos a mudar quem somos, como uma tentativa de fazer uma mentira ser verdade.
No entanto, sinceramente não vejo nada de errado nisso. Errado é fingir que isso não acontece. Fingir que podemos deixar de mentir sobre nós mesmos. Se você acha que não mente sobre si mesmo(a), você tende a procurar coisas e pessoas tão sinceras quanto você. Ou seja, algo ou alguém que confirme a sua verdade, que compartilhe de seus medos, que mantenha seu mundo em segurança.
Claro que, assim como a maioria dos relacionamentos, o Design não escapa deste fingimento. Mas o que aconteceria se, ao invés de continuarmos fingindo, nós assumíssemos a mentira que somos? Reconheceríamos que a mentira pode nos oferecer certa liberdade: ela nos permite negociar o que somos, nossas verdades, nossos preconceitos, nossos ideais.
Esta negociação pode ser movida pela conveniência ou aceitação social – ou pela garantia da comida na mesa –, mas nada impede que a estratégia seja outra: a negociação em si. Permitam-me um exemplo. O filme Joana d’Arc de Luc Besson retrata a determinação e fé inabaláveis de Joana d’Arc em sua “missão divina”. Mas como a mensageira de Deus não teria mais serventia após a Guerra dos Cem Anos, ela é capturada pelos ingleses e condenada à fogueira por heresia. Nesta parte, Joana d’Arc (Milla Jovovich) começa a conversar com um senhor imaginário (Dustin Hoffman) que a questiona sobre sua suposta missão divina.
Em um primeiro momento, Joana reconhece que sua vaidade heroica passou por cima da vontade de Deus. Mas quando ela assina uma carta de retratação, aquele senhor imaginário lhe questiona: onde está sua fé agora? Joana então percebe que não havia missão nenhuma, que ela não era “enviada por Deus”, e se arrepende de tamanha blasfêmia. “Agora você pode ir para a fogueira”, o senhor responde, “pois finalmente você cumpriu com sua missão”.
Embora este diálogo esteja mais ligado à ideia de redenção, meu ponto é que não podemos negociar alguma coisa sem a possibilidade de perder esta coisa – ou seja, sem a possibilidade desta coisa ser uma mentira. Por mais que a mentira nos deixe desconfortáveis, inseguros, perdidos, uma pessoa que procura a verdade o tempo inteiro não negocia coisa alguma. É preciso assumir certas mentiras para que determinadas “verdades” tenham mais valor.
Obviamente não estou dizendo que deveríamos mentir mais – assumir é diferente de incitar. Mas pensando em Design e especialmente em processos criativos, podemos reconhecer que a mentira é capaz de atribuir novas verdades aos projetos, retirando-os das regras e enquadramentos que lhes são ordinariamente impostos.
As pessoas não querem apenas um bom carro, elas querem um carro que escale uma montanha, mesmo sabendo que é mentira. Neste sentido, mentir não significa necessariamente enganar as pessoas – quem se engana é o designer que tenta fazer isso. Aliás, o que me parece mais difícil no Design, e ao mesmo tempo mais belo, é justamente conseguir revelar a mentira das pessoas que fingem não mentir.
Significa tirar o “seja você mesmo” da zona de conforto e negociar novos modos de pensar e de sentir. Claro que isso é pedir demais (aos designers e às pessoas), pois geralmente é mais fácil e desejável continuar “empurrando com a barriga”. Mas a sutileza (o mais difícil e mais belo) está na intensidade que esta mentira verdadeira pode proporcionar: quando ser você mesmo é tão difícil e tão belo quanto deixar de ser você mesmo.
“Que importa, afinal? As mentiras não conduzem finalmente ao caminho da verdade? E minhas histórias, verdadeiras ou falsas, não tendem todas para o mesmo fim, não têm o mesmo sentido? Que importa, então, que sejam verdadeiras ou falsas se, em ambos os casos, são representativas do que fui e do que sou? Pode-se, às vezes, ver mais claro em quem mente do que em quem fala a verdade. A verdade, como a luz, cega. A mentira, ao contrário, é um belo crepúsculo, que valoriza cada objeto” – Albert Camus em A queda (Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 90-91).
Palavras-chave:
albert camus,
filosofia do design,
fingimento,
joana d'arc,
mentira,
negociação
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Regulamentação da Profissão de Designer
Veja mais informação no link:
Projeto de lei que regulamenta profissão de designer é aprovado na CCJ de DesignBrasil.org
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